Cemitério do Axixá, o descaso continua

Até o portão da entrada privativa que o vereador Nezinho Moura construiu já foi arrancado

Túmulo aberto, localizado à direita do portão principal do cemitério

Acredito na vida depois da morte do corpo. O corpo é um invólucro que contém a alma. Depois de extintas as forças vitais resta o corpo que se desintegrará com o passar do tempo. Não imagno - como os egípicios com suas mumificações - que o corpo deva ser preservado para uma nova vida. Nem por isso acho que devamos jogar aos cachorros os restos mortais dos nossos parentes que falecem. Além de falta de respeito seria uma questão de saúde pública.

Há dois destinos possíveis para o corpo de uma pessoa que falece: o sepultamento ou a cremação. No Maranhão não há forno crematório. Resta aos vivos sepultarem os mortos, seja em covas simples – de 7 palmos cavados na terra – seja em mausoléus. É uma providência para dignificar a passagem de pessoas que viveram, criaram famílias inteiras, trabalharam, contribuíram para o progresso da cidade.

Pena que nem todos pensem assim. A Administração Pública de Bacabal não pensa.

Essas fotos são do cemitério do Axixá, na rua Djalma Dutra. Foram tiradas ontem. É um descaso total com os falecidos. O cemitério é administrado pela Secretaria de Obras, que tem como titular o engenheiro Nonato Chaves. Para informação do leitor, ele quer ser candidato a prefeito.

Dia desses vi o engenheiro Welbert Oliveira, que também é do quadro da Secretaria de Obras, no maior sufoco. Haviam carregado a proteção de ferro do túmulo da sua mãe. Dona Santa faleceu há pouco tempo. O ladrão chegou, arrancou o gradeado e foi embora. Não fosse pela intervenção de policiais militares, a família teria que mandar fazer outro gradeado. O ladrão carregava o gradeado de ferro nas costas, quando foi abordado pelos PMs abandonou o produto do furto e fugiu.

A família de Dona Santa, composta por pessoas que trabalham honestamente e pagam seus impostos, precisava passar por esse constrangimento? O problema é que o descaso existe em todos os setores e ninguém contesta nem reclama. Dá nisso.

Ontem, cheguei no cemitério. Fui com meu irmão visitar o túmulo do nosso pai. Ao vigilante perguntei se não tinha uma enxada. Ele me veio com essa: eu tenho em casa, não deixo aqui senão a turma leva.

Precisamos contratar um vigilante para vigiar o vigilante? Na verdade ele não tem culpa. Eles não tem apoio nenhum. Os marginais chegam e os ameaçam. Eles não tem coragem de ficar no cemitério depois das 17 horas e se tornarem alvo dos delinqüentes.

Precisamos de verdade é contratar administradores que tenham compromisso com o povo. Com o povo vivo e com o povo que já faleceu. Ano que vem será aberta a temporada de contratação desses administradores, é a eleição.

A foto abaixo  é do mausoléu da família Moura. O expoente político da família é o vereador Nezinho Moura. Usando da sua influência ele construiu uma entrada particular para a sua família. Colocou um portão no muro que dá para a BR 316. Gastou dinheiro para ter mais comodidade. Foi o caminho mais curto do que cobrar um cemitério adequado para todos os cidadãos.

O portão vivia trancado. Só era aberto quando alguém da família ia visitar o suntuoso túmulo recoberto de granito. O problema é que os marginais não respeitam nem vereador. Arrancaram o portão de alumínio e levaram para vender no quilo. As pedras de granito estão sendo retiradas pouco a pouco.

Entrada privativa da família do vereador Nezinho Moura

Será que desta vez o vereador vai mandar por um novo portão, cuidar apenas de si? Ou será que vai engrossar a voz da Imprensa que denuncia, clamando que tenham mais respeito para com todos os cidadãos?

Fotos: Lourenço Alves Júnior