Do: blog do Noblat
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) escreveu no twitter que daria uma boa discussão seu gesto de arrancar das mãos de um jornalista o gravador onde estavam registradas algumas perguntas que ele lhe fizera.
Em dado momento da entrevista, o jornalista quis saber se Requião não seria capaz de abrir mão da aposentadoria mensal de R$ 24.117,00 que recebe como ex-governador do Paraná. O atual governador Beto Richa (PSDB-PR) havia revogado o decreto que garantia o pagamento de aposentadoria a Requião e a outros ex-governadores.
Em 2007, por 10 votos contra um, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional o dispositivo da constituição de Mato Grosso do Sul que permitia o pagamento de aposentadoria para ex-governadores. Desde então, tramitam ali ações contra o pagamento de aposentadoria a ex-governadores de oito estados - um deles, o Paraná.
A discussão proposta por Requião no twitter é fácil de ser travada. E o resultado, certamente, não lhe será favorável.
Salvo em ditaduras, onde a imprensa não é livre, jornalista tem o direito de perguntar o que quiser - e a quem quiser. Assim como qualquer cidadão. Se o alvo das perguntas se sentir ofendido por elas, deve procurar a Justiça e processar o seu autor. É simples assim. Não há outra forma legal de proceder. Legal e civilizada.
Por que Requião preferiu o caminho da violência? Ou não é uma violência tomar de um jornalista seu instrumento de trabalho?
Primeiro porque as perguntas, nos termos em que foram formuladas, não configuravam calúnia, injúria ou difamação. Requião não seria bem-sucedido se processasse o jornalista.
Segundo porque Requião é um político com vocação de ditador. Seu temperamento é autoritário. Há uma vasta coleção de episódios protagonizados por ele que amparam o que digo. Requião sentiu-se provocado pelo repórter porque não está acostumado a responder a perguntas que o incomodam. Como governador do Paraná, fugia delas. Ameaçava jornalistas. Perseguia a sabotava jornais.
O repórter que perdeu o gravador para Requião, devolvido depois com o cartão de memória apagado, tentou prestar queixa junto à Polícia Legislativa. Sem sucesso. Foi orientado a levar o caso à Corregedoria do Senado, encarregada de fiscalizar o comportamento dos senadores. Ocorre que a corregedoria está vaga desde o ano passado.
José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, omitiu-se como de hábito. Informado a respeito, balbuciou:
- Eu não conheço esse fato. O senador Requião é um cavalheiro. Deve ter havido um mal entendido. Ele não deve ter feito isso.
Requião fez. Não foi um mal entendido. Ele é tudo - menos um cavalheiro.
Quanto a Sarney... Bem, é apenas um cavalheiro.
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