Do: Congresso em foco
Foto: Brito Jr / Ag.Câmara |
A tramitação da PEC 300 está parada desde março do ano passado, quando a
proposta foi aprovada em primeiro turno na Câmara. Desde então, o governo
conseguiu adiar a votação do segundo turno. A atuação do Palácio do Planalto
ocorreu por dois motivos. O primeiro é por conta da criação de um fundo,
abastecido com dinheiro da União, para bancar o aumento salarial dos policiais
e bombeiros. O segundo é a pressão feita pelos governadores.
“Muitos estados terão dificuldades com a elevação das folhas de pagamento”,
disse o vice-líder do governo na Câmara, Osmar Serraglio (`PMDB-PR). A proposta
aumenta para R$ 3,5 mil o salário inicial dos praças e para R$ 7 mil o dos
oficiais. Atualmente, a média nacional é de R$ 1.814,96. Esses valores seriam provisórios
até a aprovação de uma lei complementar estabelecendo critérios para o reajuste
salarial.
“Na verdade, os governadores estão interpretando de forma equivocada essa
questão da PEC 300. O que nós desejamos através dela é criar um fundo constitucional,
ou seja, para que a União transfira recursos para os estados, para complementar
as folhas de pagamento. Portanto, não há problema para os estados, o fundo os
socorrerá”, afirmou o presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara,
deputado Mendonça Prado (DEM-SE), após audiência pública realizada no Piauí
sobre o assunto.
Para justificar a criação do fundo, deputados defensores da PEC 300 usam o
exemplo do Distrito Federal. A capital do país recebe do governo federal uma
verba para custear despesas de educação, saúde e segurança pública. Em 2010, o
valor foi de aproximadamente R$ 7,6 bilhões. “O fundo vai socorrer alguns
estados que não terão condições de pagar o reajuste, como é feito no Distrito
Federal”, disse o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), autor da PEC 300.
O Fundo Constitucional do Distrito Federal foi criado por meio da Lei nº
10.633, de 27 de dezembro de 2002, no fim do governo Fernando Henrique Cardoso,
para destinar recursos necessários à organização e manutenção da Polícia Civil,
Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e dar assistência
financeira para execução dos serviços de saúde e educação. O cálculo do
reajuste anual do Fundo Constitucional leva em conta a variação da receita
corrente líquida da União durante 12 meses, a contar do período anterior a
junho do ano em que o cálculo é realizado.
Prioridades do governo
No ano passado, o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o governo não votaria propostas que possam “causar dificuldade financeira para a União ou para os estados no próximo ano”. A PEC do piso salarial de policiais e bombeiros seria uma delas. Na oportunidade, ele previu que o debate começaria em 2011. Porém, as prioridades do Executivo, neste momento, são outras.
No ano passado, o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o governo não votaria propostas que possam “causar dificuldade financeira para a União ou para os estados no próximo ano”. A PEC do piso salarial de policiais e bombeiros seria uma delas. Na oportunidade, ele previu que o debate começaria em 2011. Porém, as prioridades do Executivo, neste momento, são outras.
A votação de matérias como a criação do Regime Diferenciado de Contratação
(RDC), que simplica a Lei das Licitações para a Copa do Mundo de 2014 e para os
Jogos Olímpicos de 2016, e o projeto do novo Código Florestal estão na frente.
Além disso, a falta de dados confiáveis sobre o tamanho do fundo para financiar
o aumento também aumenta a resistência do governo para votar o texto. As
estimativas variam entre R$ 4 bilhões e R$ 40 bilhões.
Acordo
O problema para o governo é que, na votação do primeiro turno, a corporação
dos policiais e bombeiros mostrou-se extremamente organizada. Na base da
pressão, eles conseguiram aprovar a PEC em primeiro turno. Na tentativa de
postergar a votação do segundo turno, na ocasião foi feito um acordo entre
líderes governistas e representantes dos policiais para retomar a votação
somente depois do segundo turno da eleição presidencial. O segundo turno
aconteceu, Dilma Rousseff foi eleita, tomou posse e já está há cinco meses no
governo. E não há notícia de retomada da discussão. Por isso, as categorias
resolveram se reorganizar para retomar a pressão sobre o Congresso.
Dentro do acordo realizado na época, estabeleceu-se a criação da Comissão
Nacional de Segurança Pública. Entre outras atribuições, ela teria a missão de
analisar o piso salarial nacional para policiais e bombeiros militares. Porém,
de acordo com Arnaldo Faria de Sá, PT e PMDB ainda não indicaram seus
integrantes para o colegiado. As comissões especiais têm um prazo inicial
pré-fixado para concluir seus trabalhos. Segundo a Secretaria Geral da Mesa,
esse prazo será fixado no ato de criação da comissão especial.
Na tentativa de fazer pressão no governo, policiais de todo o país devem
chegar hoje ao Distrito Federal para manifestações. A concentração para o ato
está prevista para 10h em frente à Catedral de Brasília. A ideia, depois, é
interditar a Esplanada dos Ministérios. À tarde, a Comissão de Segurança
Pública realiza audiência pública para discutir a proposta de piso salarial
nacional para policiais e bombeiros dos estados. Logo depois, a frente
parlamentar será lançada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário, fique à vontade para criticar e sugerior. Denúncias podem ser enviadas para louremar@bol.com.br ou louremar@msn.com