Por: Ruy Castro
"Você pode estar se perguntando: "Mas eu posso falar os livro?" Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico". Sim, você conhece esse texto. Consta de "Por uma Vida Melhor" (Editora Global), livro elaborado pela ONG Ação Educativa e distribuído para 4.326 escolas.
O livro, aprovado pelo Ministério da Educação, recebeu críticas, inclusive minhas, baseadas nesse e em outros trechos em que a autora parece adotar uma postura populista quanto à língua. Uma funcionária da dita ONG conseguiu meu número de telefone e ofereceu-se para me enviar o trecho inteiro, para me convencer de que não era "nada daquilo". Respondi que, mais do que o trecho, gostaria de ler o próprio livro, se pudessem me mandar um exemplar -já que ele não está à venda nas livrarias.
Ao ouvir que a ONG não dispunha de mais nenhum, espantei-me: "Mas, como? Rodaram quase 500 mil livros e não sobrou nada?". Dias depois, o ministro da Educação , chamou de "fascistas" os que atacaram o livro sem lê-lo. Não sei sua opinião sobre os que defenderam o livro também sem lê-lo.
Mas um indício de que o ministro precisa dar um pulo aos capuchinhos foi a revelação, na mesma semana, de que material didático de matemática aprovado por seu ministério e distribuído para 37 mil escolas continha batatadas ainda piores. Segundo esse material, 10 -7 = 4, 16 – 8 = 6 e 16 – 7 = 5.
Estendendo o raciocínio da professora de português, você "pode dizer" que 10 – 7 = 4, mas deve ficar atento porque, dependendo da situação, corre o risco de ser vítima de preconceito aritmético. Donde ir à escola para aprender a falar ou a contar direito deixa de ter importância, e a utilidade de um ministério da Educação – que aprova livros sem lê-los- se torna discutível.
Ruy Castro é jornalista e escritor. O texto foi publicado no jornal Folha de S. Paulo.
SE O CONCEITO DE SUBTRAÇÃO MUDOU NO LIVRO DE MATEMÁTICA, DEVEMOS ESSA GRANDE PROEZA AO REI ROBERTO CARLOS QUANDO DISSE EM UMA DE SUAS MUSICAS"TUDO CERTO COMO DOIS MAIS DOIS SÃO CINCO"
ResponderExcluirAs escolas públicas estaduais de Bacabal estão utilizando esse livro(ou aberração) aí.
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