É sujo e ao barro voltará
A
mudança no Regimento Interno da Câmara dos Deputados só oficializa uma prática
inacreditável da Casa: a "semana de três dias", pela qual as
Excelências, embora recebam pela semana inteira, trabalham, quando o fazem, de
terça a quinta. Mas oficializar uma prática nojenta, em vez corrigi-la, é
também nojento.
O inconcebível presidente da Câmara, Marco Maia,
do PT gaúcho, teve a ousadia de dizer que não há Parlamento no mundo que
trabalhe como o nosso. É verdade: não há Parlamento no mundo que trabalhe como
o nosso. Trabalha pouco, trabalha mal, trabalha sem olhar os custos - isso é
coisa para o caro leitor e para este colunista, que têm de esticar o dinheiro
até o fim do mês. E como custa caro! Inúmeros prédios suntuosos, com grife de
Oscar Niemeyer, muito mármore, muito granito, muitos carpetes, assessores que
nem cabem nos gabinetes - e isso, a propósito, não causa problemas, porque boa
parte nem aparece por lá. E mais assessores, ainda, para manter nas bases
eleitorais, tudo por nossa conta.
Não devemos esquecer, claro, o sem-número de
passagens aéreas à disposição de cada parlamentar, nem os magníficos salários
complementares - auxílio-paletó, para que as Excelências possam renovar sempre
seus guarda-roupas e aparecer bem na TV Câmara, salários extraordinários,
ajudas de custo, apartamentos funcionais periodicamente reformados e com nova
mobília - coisa fina!
Se os deputados oficializaram a semana curta, é
claro que ninguém é de ferro. De que serão? A Bíblia responde: são de barro.
E na pior acepção do termo.
Opinião pública
Uma nota desta coluna, a respeito da compra de
chaveirinhos de cristal pelo Tribunal de Contas da União, provocou uma série de
perguntas e comentários. A pergunta: o preço é este mesmo? Sim: dá algo como R$
18 por unidade. E os comentários, que refletem bem a reação da opinião pública
a gastos oficiais: "Também, a R$ 18 cada um, não é um escândalo. Podia ser
muito pior".
Pois é: foi um gasto pequeno, embora de utilidade
duvidosa. Podia ser pior.
Opinião particular
Frase do jornalista Marcelo Tas, comentando o
julgamento do Professor Luizinho, ex-líder do PT na Câmara, acusado de ter
recebido R$ 20 mil:
"Até no Mensalão professor ganha mal".
A propósito, o Professor Luizinho foi absolvido
pelo Supremo.
Boa notícia
A partir deste último sábado, os clientes podem
bloquear os torpedos de publicidade enviados por suas próprias operadoras.
Teoricamente, as empresas deverão enviar um torpedo aos clientes dando essa
informação, e os clientes que não quiserem continuar recebendo as mensagens
chatas replicarão com a resposta "sair". Caso as operadoras não
tenham ainda enviado este torpedo (o que é de esperar, considerando-se como
atuam), o cliente poderá ligar para: Vivo, 457; TIM, 4112; Claro, 888; Oi,
55555, sempre enviando a mensagem "sair".
De acordo com a Anatel, os torpedos publicitários
deverão parar imediatamente.
Vai funcionar? Já é outra questão. Empresas como
Walmart, Daffiti, Carrefour e outras insistem em enviar lixo eletrônico,
ofertas que os clientes não solicitaram nem querem examinar, mesmo que sejam
descadastradas dezenas de vezes. Haverá como livrar-se desses mamutes pouco
educados e mal amestrados?
Skaf subindo
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, pré-candidato
do PMDB ao Governo de São Paulo, em 2014, já tem como demonstrar prestígio
internacional na campanha: foi escolhido Personalidade do Ano 2012 pela Câmara
de Comércio Brasil-França. O prêmio deve ser entregue em Paris, em 6 de
novembro.
Ética, mas com limites
A Internet e o Twitter fervem com ataques da
patrulha petista ao professor Plínio de Arruda Sampaio, fundador do PT, hoje no
PSOL. Sampaio, uma rara referência ética na política brasileira, criticou a candidatura
de Fernando Haddad, advertindo que sua eventual vitória fortalece Lula e o
Mensalão.
Curioso: na campanha presidencial, quando atacou
Serra, Plínio não recebeu críticas do PT.
Do zero ao finito
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presidente do PDT paulista, deu apoio formal a José Serra,
candidato do PSDB à Prefeitura paulistana. O ministro Carlos Daudt, o Brizola Neto, rejeitou a
posição de Paulinho e deu apoio formal do PDT nacional a Fernando Haddad,
candidato do PT à Prefeitura paulistana.
Ao contrário do que possam insinuar as pessoas
mal-intencionadas, não se trata de trocar seis por meia dúzia: no caso, é
trocar zero por nada.
Vai cumprir seu ideal
Um projeto do vereador Rogério Magrini, PTB, oZezinho Atrapalhado, dá o nome de avenida Aparecido Savegnago "a ambos os
lados da via pública (...)". O projeto do nobre vereador foi aprovado pela
Câmara Municipal de Sertãozinho, SP.
Louve-se a precisão do projeto: ao contrário do
que se poderia imaginar desavisadamente, quem procurar um endereço na avenida
não terá o inconveniente de encontrar um nome no trecho que vai e outro no
trecho que vem.
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