Como disse Julieta a Romeu, na frase de Shakespeare, "que há em um nome? Se uma rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume!"
Mas não no Brasil:
aqui, quando morre alguém, seu nome é polvilhado por todo o país, como se isso
tivesse importância. Houve época em que tudo na Bahia recebeu o nome de Luiz
Eduardo Magalhães, filho do cacique ACM, esperança baiana de chegar à
Presidência da República. Houve época em que São Paulo foi mergulhada em placas
de Franco Montoro e de Mário Covas. Nada contra os homenageados; tudo contra
esse tipo de homenagem que só serve para atrapalhar a vida de quem mora nas
áreas que mudam de nome.
A homenagem
funciona? Perguntemos: onde fica o Estádio João Havelange? E o Aeroporto
Governador André Franco Montoro? Quem foi Mário Filho, nome oficial do Estádio
do Maracanã? O Aeroporto 2 de Julho, de Salvador, cujo nome comemora a
Independência da Bahia, virou Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães. Ninguém se
atreve a usar, para o aeroporto, a sigla natural, ALEM.
Mas a festa
continua. A Câmara Federal quer trocar o nome do Aeroporto de Congonhas, SP,
para Congonhas - Deputado Freitas Nobre. Freitas Nobre foi um parlamentar
corretíssimo, ativo, honrado. Não merece virar um apêndice de nome que ninguém
vai usar. E querem trocar nomes consagrados de parques e avenidas pelo de Oscar
Niemeyer.
Por que não dar seu
nome a um belo, novo e útil equipamento urbano, para que a população dele se
recorde com carinho?
Nhô ruim, nhô pior
Dizem por aí que a
proposta de acréscimo do nome de Freitas Nobre a Congonhas saiu a pedido de
políticos que queriam evitar o mal maior: a ideia, atribuída a Sarney, de
homenagear Romeu Tuma. Este colunista lembra que Congonhas já é uma homenagem:
o aeroporto tem esse nome por ter sido construído, há 76 anos, no Campo das
Congonhas (um arbusto ali abundante); e pode homenagear também Lucas Monteiro
de Barros, visconde de Congonhas, que foi presidente do Supremo Tribunal de
Justiça e senador, e viveu de 1767 a 1851.
E daí, e daí?
Ninguém quer saber
se Hugo Chávez toca piano. Luiz Fux, ministro do Supremo, é tão bom na guitarra
quanto o senador Suplicy como cantor. Mas Chávez e Fux não devem ser avaliados
pela musicalidade. Seu campo de trabalho é outro e é nele que se devem
destacar. Por que, então, debater as ideias políticas de Oscar Niemeyer? Ele
não se tornou famoso como teórico do comunismo, mas como arquiteto.
Discuti-lo
ideologicamente é como debater Chico Buarque pelas opções políticas. A Banda é
ótima, pense ele o que quiser de Cuba e dos EUA.
É vendaval
O caro leitor ainda
tem dúvidas sobre o motivo dos altos impostos e do baixo retorno? Aqui vai um
bom exemplo: em Itacaré, cidade baiana com 24 mil habitantes, os vereadores
dobraram os próprios salários, mais os do prefeito, vice-prefeito e secretário.
Na verdade, não é bem o dobro: é um pouco mais. O prefeito passa a ganhar R$ 17
mil, quase o mesmo que o prefeito de São Paulo, com população 500 vezes maior.
Como a eleição já
passou, é pagar sem reclamar.
O sertão...
Clima tenso na
Câmara Federal: nesta terça, entra em votação um projeto que permite a
participação de empresas estrangeiras em 49% do capital das aéreas brasileiras
(hoje é de 20%), aumenta o tempo diário em que a tripulação pode voar (das 12
horas diárias do regulamento atual para 19) e permite a contratação de pilotos
estrangeiros, com contratos até cinco anos (hoje, estrangeiros podem apenas
trabalhar como instrutores, por prazo máximo de seis meses).
A proposta é
relatada pelo tucano mineiro Paulo Abi-Ackel.
...vai virar mar
Os sindicatos da
categoria ameaçam entrar em greve se o projeto for aprovado como está. Exigem,
no mínimo, a manutenção da carga horária e da proibição de pilotos
estrangeiros. O mais curioso na história, entretanto, é saber quem é o porta-voz
dos sindicalistas: o deputado Jerônimo Goergen, do PP - exatamente, o partido
de Paulo Maluf.
Este colunista
acreditava que o beija-mão de Lula, Haddad e José Dirceu a Maluf, nos jardins
de sua mansão, seria o fato político mais extravagante que iria presenciar em
sua longa carreira. Enganou-se: o malufismo falando em nome de sindicalistas é,
com larga vantagem, um evento muito mais esquisito. Aliás, lembremos: Paulo
Abi-Ackel era garoto quando seu pai, ministro da Justiça da ditadura, radical
entre os radicais, proibiu o filme Império dos Sentidos.
E levava seus
colegas de escola ao auditório do Ministério para vê-lo.
Queremos Mantega
De um excelente
jornalista econômico, Teodoro Meissner, editor da também excelente newsletter
Bastidores, do Fórum de Líderes (www.lideres.org.br):
"O perspicaz
leitor já deve ter percebido que minha admiração por Mantega é escassa. Mas
torço para que ele fique. Se sair, Dilma pode colocar Aloysio Mercadante no
lugar. Ou Luciano Coutinho. Ou... Acredite, caro leitor, o que está ruim sempre
pode ficar pior".
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