Mas a vida continua
Até
ontem, caro leitor, acredite, o presidente da República foi Renan Calheiros. A
presidente Dilma Rousseff fez uma inadiável viagem à Etiópia, o vice-presidente
Michel Temer viajou para levar sua inestimável solidariedade à posse de Rafael
Correa, reeleito presidente do Equador, o presidente da Câmara, Henrique Alves,
fez importante visita oficial ao Congresso americano. Tudo coincidência, claro;
ninguém jamais poderia imaginar que todas essas viagens ao mesmo tempo tivessem
sido combinadas para prestigiar o nome seguinte na linha de sucessão, o senador
Renan Calheiros, expoente do mesmo PMDB de Temer e Alves, baluarte da base de
apoio ao Governo da presidente Dilma Rousseff.
Renan Calheiros é o primeiro presidente da
República que assume com três denúncias no Supremo, pelos crimes de peculato,
uso de documento falso e falsidade ideológica. Seu sucessor na Presidência do
Senado, Jorge Viana (PT), foi denunciado pelo Ministério Público Eleitoral por
abuso de poder econômico e está sendo julgado no Tribunal Superior Eleitoral.
Pode perder o mandato.
De certa forma, ganha-se tempo: ao assumir, o
cavalheiro já está sendo processado. Como diziam os propagandistas do Macaco
Tião, anticandidato que teve 400 mil votos para prefeito do Rio, sua vantagem é
que já estava preso.
Mas não foque a atenção só no Senado. É injusto.
Dois deputados federais, Pedro Henry (PP) e Valdemar Costa Neto (PR) exercem o
mandato, embora condenados no Mensalão. Dois outros condenados, João Paulo
Cunha e José Genoíno, do PT, ainda por cima fazem parte da Comissão de
Constituição e Justiça.
Eles brigam...
O deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara,
por pouco não impede a aprovação da Medida Provisória dos Portos. O governador
fluminense Sérgio Cabral, do PMDB, mandou um recado duro a Dilma: ou o PT apoia
seu candidato Pezão, retirando a candidatura de Lindbergh Farias, ou ele
trabalhará contra o apoio do PMDB à reeleição da presidente (e, no mínimo,
impedirá que o PMDB fluminense lhe dê suporte no Rio).
O deputado mineiro Leônidas Quintão, do PMDB, já
reuniu assinaturas mais do que suficientes para uma CPI da Petrobras. Há
histórias a respeito da empresa que seria interessante deixar claras - por
exemplo, a tal refinaria americana que custou caríssimo e, se vendida, se
conseguirem livrar-se dela, vai dar um prejuízo enorme à Petrobras. E daí?
...a gente paga
E daí, nada. Em briga do PMDB com o PT, sempre
estão em jogo os grandes valores nacionais. A CPI da Petrobras não nasceu para
apurar o caso da refinaria americana, mas como vingança do deputado Quintão, a
quem havia sido prometido um ministério e que foi esquecido.
Sergio Cabral gosta de Pezão, mas o que quer mesmo
é a garantia de que continua sendo o cacique governista no Rio - ou seja, pode
aceitar um candidato de outro partido, desde que não lhe faça sombra. Eduardo
Cunha, bem... Eduardo Cunha é Eduardo Cunha. Não há divergência entre PT e PMDB
que resista à força pacificadora dos grandes valores nacionais.
Ponto de encontro
Estará Alckmin com Aécio, depois de apoiá-lo para
presidente do PSDB, comparecer à convenção que o elegeu e discursar em seu
favor? Pode ser, pode não ser: a convenção, diz Alckmin, consagrou a unidade do
partido - mas candidatura à Presidência, só no fim deste ano ou no começo do
ano que vem. E Serra pode ser candidato, sim; aliás, será certamente candidato
a algum cargo. À Presidência, pela terceira vez? "Essa é uma decisão
coletiva". Em verdade, caro leitor, em verdade vos digo, o candidato de
Geraldo Alckmin é Geraldo Alckmin.
União? O partido dos tucanos só se une para
ficarem todos em cima do muro.
Solução simples...
A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza
Campello, já sabe como evitar tumultos causados por boatos a respeito do Bolsa
Família: vai transmitir torpedos, informações por celular. Os beneficiários do
Bolsa Família, naturalmente, todos dispõem de celular.
Se não puderem pagá-lo, ué, que se virem.
...e errada
Sugestão da PM paulista para evitar crimes durante
a Virada Cultural, quando diversas atrações, espalhadas pela capital, funcionam
dia e noite: que as atrações sejam cercadas por tapumes. Mas, mesmo desidratada
pelo prefeito petista Fernando Haddad, a Virada teve neste ano quase mil
atrações.
Cadê madeira suficiente para tanto tapume? E que é
que fazem os cidadãos que só queiram assistir aos shows quando bandidos armados
pularem o tapume e não houver por onde escapar? Não vale dizer que a Polícia
estará em cada um dos cercadinhos. Se há policiais para vigiar cada um dos
cercadinhos, para que os tapumes?
Pois é
Ontem, dia 25, comemorou-se no país uma data
oficial, instituída pela Lei 12.325/2010. Sente-se, caro leitor, e se apoie
firmemente nos braços da cadeira: a data comemorada é o Dia Nacional do
Respeito ao Contribuinte (existe!). O IBPT, Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário, liderou a manifestação Simplifique Já - por um sistema de impostos mais simples e justo.
Boa ideia!
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