Coluna do Carlos Brickmann | Blog do Louremar

domingo, 1 de setembro de 2013

Coluna do Carlos Brickmann

O tempo fora de tempo

Diz o Eclesiastes, um dos livros da Bíblia, que há um tempo para tudo, um tempo para tudo o que ocorre. Há, pois, que ter o tempo como aliado; e saber quando a hora não chegou. E, quando não for o tempo, adiar o que se deseja.

É justo ou não o pedido do ministro Joaquim Barbosa de aumento de salários no STF? Pode ser; mas não é hora de elevar agora o salário do STF para mais de R$ 30 mil, quando o salário mínimo talvez vá para R$ 722, e só no ano que vem. É correto manter o mandato do deputado federal Natan Donadon, do PMDB, preso por corrupção? Este colunista acha que não, a Câmara acha que sim; mas não é hora de criar a figura jurídica do deputado sem direitos políticos, que não pode votar nem ser votado, nem comparecer às sessões, mas continua deputado.

Não é o tempo certo para que a cúpula do país faça reivindicações, por justas que lhe pareçam. Multidões foram às ruas pedir seriedade na administração pública. Não é o tempo certo para que o governador do Ceará, do PSB, compre quatro helicópteros sem licitação e contrate bufês suntuosos para servi-lo; nem para que o senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, arranje emprego público para a namorada, a sogra e o cunhado; nem para que o governador gaúcho, do PT, gaste R$ 400 mil do Tesouro para avaliar se o jornal Zero Hora o trata com imparcialidade; nem para que o governador do Piauí, do PSB, queira pagar seu hidratante, xampu reparador e gel esfoliante com dinheiro público. Puro deboche.

Parafraseando o Eclesiastes, que proveito tirou o povo de suas manifestações? 

Sabedoria antiga

Um grande historiador, Capistrano de Abreu (1853-1927) dizia que a nossa Constituição deveria ter apenas dois artigos: "1 - Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara. 2 - Revogam-se as disposições em contrário".

O caminho das pedras

Em duas semanas, dois jogos em Brasília, com times de fora, e duas grandes brigas no Estádio Mané Garrincha. Um torcedor do Flamengo foi seriamente machucado por são-paulinos; corinthianos e vascaínos brigaram a pauladas, ignorando a Polícia. Três dos brigões corinthianos estavam entre os detidos em Oruro, após a morte do garoto boliviano Kevin Strada. Fala-se em proibir as torcidas organizadas, mas isso não funciona: basta que troquem de nome, e pronto. 

No caso Watergate, a principal fonte dos jornalistas que revelaram o escândalo repetia sempre um lema: "Sigam o dinheiro". O que se tem de fazer no futebol é buscar o caminho do dinheiro. Como puderam os briguentos ir a Oruro, viajar de avião a Brasília, comprar os caros ingressos, fora outras despesas? Os que ficaram detidos em Oruro por vários meses certamente perderam o emprego. Quem paga suas viagens? 

Achando-se a resposta, as brigas acabam na hora.

Dúvida pertinente

Uma pergunta: que significa "rigoroso inquérito"? Há inquéritos dignos desse nome que não sejam rigorosos? A propósito, já existe algum resultado do "rigoroso inquérito" sobre as denúncias da Siemens a respeito do cartel nos fornecimentos para trens urbanos e Metrô em São Paulo, que conforme as denúncias funcionaria desde o Governo Mário Covas, o primeiro da atual dinastia do PSDB? 

Há gente daquela época até hoje ocupando cargos importantes, e seria de seu interesse que tudo fosse logo esclarecido, para afastar qualquer suspeita.

A fila anda

É bom que o "rigoroso inquérito" sobre o cartel em São Paulo ande logo, porque parece que há mais coisas rolando. Existe quem fale em problemas em outros Estados, em fornecimentos para usinas e trens de passageiros regionais. 

Faça o que eu digo

Está em pleno desenvolvimento o esforço governista de demonização do senador boliviano Roger Pinto (foto) , que ficou 455 dias isolado num quarto da Embaixada brasileira em La Paz e fugiu para o Brasil com auxílio do diplomata Eduardo Saboia. Todas as acusações que o Governo boliviano fez contra ele foram descartadas pelo Governo brasileiro, ao conceder-lhe asilo; mas agora são utilizadas como se fossem verdadeiras e comprovadas. 

Veja o que diz José Dirceu - o próprio - em seu blog: "Molina, que deveria estar cumprindo pena (...)"

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