Zé Vieira,Lisboa e Taugi, juntos ou não?

O problema de quando os políticos tomam decisões é como isso reflete na sociedade. Por mais que as pessoas não gostem da política, são afetadas por ela.

Agora por exemplo, milhares de pessoas se sentem órfãs depois que postei sobre a mudança radical de comportamento do deputado Zé Vieira que proibiu os profissionais da TV Mearim, de sua propriedade, de criticarem a administração Lisboa / Taugi.

São pessoas que não concordam com a falta de saúde, falta de emprego, algumas escolas fechadas na zona rural – a pretexto de reforma em pleno ano letivo. São pessoas que residem em bairros como Setubal e Areia, onde cortaram as ruas para instalar um canal de esgoto que leva do nada a lugar nenhum e cuja obra deixou as artérias no maior lamaçal. Afetadas por tantos problemas, essas pessoas não sabem como reagir, como reclamar. Não tem a quem recorrer. O Ministério Público mais atuante fica a quilômetros de distância.
Restava a essas pessoas, reclamarem entre si. Comentar nos senadinhos. Desabafar pela Imprensa, em uma ou outra matéria que mostra falta de água em algum bairro. O deputado Zé Vieira negou a elas essa opção. Como se um canal de televisão fosse unicamente para satisfazer seus caprichos e não uma concessão de serviço público destinada ao desenvolvimento social.

Do outro lado há os frustrados eleitores do prefeito Lisboa e da vice-prefeita Taugi. Eleitores que optaram por votar contra o pecuarista Zé Vieira. E que agora observam no novo comportamento do parlamentar, uma clara demonstração de que, se não fez acordo com Lisboa e Taugi, pelo menos não se consideram mais inimigos.
E demonstração é o que não falta. Na mensagem que gravou para o aniversário da cidade, Zé Vieira admitiu que vai apresentar emendas para Bacabal. Há pouco mais de 4 meses, dizia que jamais conseguiria recursos “ pro camarada fazer casa bonita, viver jogando baralho e viver luxando à custa do dinheiro público”. (reveja).

Numa evidência de que realmente mudou de pensamento, Zé Vieira chamou os líderes comunitários do seu grupo na zona rural para uma conversa em sua casa. A determinação foi a mesma: parem de comentar nas esquinas. Deixem a administração ‘Lisboa / Taugi’ de mão.

Política não se faz com inimizade entre as pessoas. Se faz com o debate de idéias, apresentação de projetos. Disso sabem bem Lisboa e Zé Vieira, quando resolveu colocar nova camada asfáltica na avenida João Alberto, foi da usina de asfalto de Zé Vieira que Lisboa comprou o produto. A questão é que num recôndito nordestino como é Bacabal, as lideranças políticas sempre procuraram explorar a luta do bem contra o mal. As pessoas são instadas a se posicionarem por um ou outro grupo político. E quando vemos episódios como esses, não há como nos furtamos à surpresa. Do impacto inicial nasce a dúvida sobre os interesses que levam políticos a mudarem de idéia da noite pro dia em relação aos adversários, enquanto o panorama administrativo e o cenário social continua o mesmo. Pergunta-se: o que estão ganhando com isso?