Coluna do Carlos Brickmann | Blog do Louremar

domingo, 8 de maio de 2011

Coluna do Carlos Brickmann

"Mamãe, eu quero"

O Brasil oficial, este sim, sabe comemorar o Dia das Mães.

1 - O projeto está na Câmara Federal, já aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação: isenta do Imposto (municipal) sobre Serviços, ISS, a FIFA e as empresas contratadas para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. São entidades privadas e o lucro das competições fica com elas, enquanto o dinheiro público cuida das despesas de infraestrutura, estádios, etc. O relator, deputado Odir Cunha, do PT mineiro, favorável ao projeto, diz com clareza que visa aumentar o lucro das empresas (que, a propósito, já estão isentas de impostos federais).

2 - O trem-bala ia custar R$ 18 bilhões da iniciativa privada. O custo agora previsto é de R$ 35 bilhões, sendo uns sete privados. O Tesouro e o BNDES pagam o resto (se o lucro não for o previsto, o Tesouro paga a diferença aos sócios privados). E o Governo já anunciou que desiste de R$ 14 bilhões de impostos.

3 - Sabe os três senadores do Pará? Vão virar nove. E o governador serão três, com três vices, três Secretariados, três equipes de assessores, três Assembléias, três bancadas de deputados federais (no mínimo com oito Excelências cada uma), todos também com seus assessores, secretárias, motoristas, frotas, prédios, três Tribunais de Justiça, três funcionalismos. O Senado vai aprovar a divisão do Pará em três Estados: Pará, Carajás e Tapajós.

Vão dizer que é ótimo.

Pois é: Goiás tinha três senadores. Com a criação de Tocantins e a bancada de Brasília, agora são nove. Não melhorou nada. Mas Mamãe Tesouro paga a conta.

...que o nenê quer chorar

O Brasil caminha. Antes havia apenas um lugar para ser ocupado por políticos como Jader Barbalho, o marechal Zacharias de Assumpção, Ana Júlia, entre outros. Com a divisão que deverá ser aprovada, haverá vaga para três deles.

Mamãe quer saber

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acaba de lançar uma nova campanha de desarmamento. Quem tem arma, imagina Sua Excelência, vai entregá-la para que seja inutilizada a marretadas (mais tarde, o metal será derretido nos altos-fornos da CSN, em Volta Redonda). Em troca, receberá uma indenização, que será paga num prazo variável entre um e 30 dias - calendário do Governo, como bem sabe quem tem um precatório ou devolução dos cofres públicos.

Este colunista não gosta de armas. Mas, considerando-se a data de hoje, faz perguntas daquelas de mãe, daquelas bem típicas, bem ingênuas:

1 - Há alguns anos, a mesma metralhadora foi apreendida pela Polícia umas três vezes. Em cada uma dessas vezes a metralhadora foi recolhida ao depósito, nunca houve registro de retirada, e apesar disso a mal-educada insistia em sair e participar de novos crimes. Uma marretada irá colocá-la de vez no estaleiro?

2 - Na Suíça e em Israel (pode haver outros lugares), cada cidadão guarda em casa armas de combate, e os índices de criminalidade são baixos. Deve haver alguma explicação para isso, claro. Alguém poderia compartilhá-la conosco?

3 - Todos os que entregaram armas em campanhas anteriores já foram pagos?

Me dá chupeta

Poucas vezes este colunista teve oportunidade de ver e ouvir tantos comentários infantis sobre um tema como agora, com o caso Osama Bin Laden. Bin Laden não poderia ser preso e julgado por alguns motivos relevantes:

1 - Durante o período de preparação e julgamento, estaria aberta a oportunidade para atos de terror no mundo inteiro. Imagine o caro leitor, por exemplo, a tomada de uma creche por homens-bomba, ameaçando explodir tudo se o réu não fosse libertado. Nem pensemos em Barack Obama: se a decisão fosse sua, caro leitor, que faria diante de um bebê com um revólver na cabeça?

2 - Em que país haveria jurados neutros para um julgamento justo?

3 - Bin Laden sabia muito. Poderia contar histórias, por exemplo, da época em que foi treinado e armado pelos americanos para guerrear contra os comunistas soviéticos que invadiram o Afeganistão.

Argumentos aéticos? Sim. E desde quanto a guerra é um evento ético?

A mãe da sabedoria

Uma boa notícia: amanhã, dia 9, às 16h, o jornalista autodidata Luiz Cláudio Cunha, um dos repórteres mais destacados do país, recebe da Universidade de Brasília o reconhecimento de Notório Saber na área de Jornalismo. A cerimônia ocorre no auditório do prédio da Reitoria.

Mas, cá entre nós, é uma cerimônia desnecessária: Luiz Cláudio Cunha ganhou na reportagem seu título de Notório Saber. É dele, por exemplo, a completíssima cobertura da revista Veja no caso do sequestro dos jovens uruguaios Lilian Celiberti e Universindo Díaz, em Porto Alegre, por ordem do Governo de Montevidéu, sob a proteção e com a colaboração da ditadura militar brasileira. A entrada de Luiz Cláudio Cunha no caso provavelmente salvou a vida dos sequestrados; e mostrou como funcionava a cooperação entre os ditadores Brasil, Uruguai, Argentina e Chile, formalizada na Operação Condor.

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