Não fica um, meu irmão.
Imagine uma corporação com 736 empregados. Destes, 35 estão envolvidos em casos de falência, alguns deles com fraude. Outros 32 já foram presos por dirigir embriagados. Onze passaram cheques sem fundos, 16 são processados por questões cíveis. E 17 foram acusados de violência conjugal.
A boa jornalista Sílvia Jafet, leitora desta coluna, esclarece qual é a corporação: o Parlamento Europeu. Deve ser horrível ter esse tipo de representantes!
No Brasil as coisas são diferentes. Violência contra mulheres, seja ou não no âmbito conjugal, não existe em nossos parlamentos. Há até alguns homens acusados disso, mas eles explicam as marcas de surra nas respectivas de maneira lógica e fácil de acreditar: elas tropeçaram e deram com a cara na porta. Cheque sem fundos? Nem pensar: ou não pagam, pura e simplesmente, ou fazem uma transferência básica de uma conta no Exterior para outra, usando aquela figura jurídica tão brasileira dos recursos não-contabilizados. Corruptos? Isso é coisa da direita, dos golpistas da imprensa (que, até por isso, têm de ser censurados - ou melhor, "submetidos a controle social"). Dólar na cueca? Pois é: uns cem mil dólares que estavam na cueca eram o resultado da venda de frutas e legumes, tanto assim que ninguém sequer chegou a ser julgado pelo incomum uso do cofrinho.
E dirigir embriagado? Imagine! Os políticos que os adversários maliciosamente tentaram envolver tanto não estavam embriagados que nem teste do bafômetro fizeram. Político brasileiro não se embriaga: tem uma boa idéia.
Pro bebê não chorar
Uma parte deliciosa da entrevista de Dilma Rousseff ao Fantástico, que não pode passar despercebida: o pessoal da bancada governista, que chantageia o Governo o tempo todo exigindo compensações para votar (ou não votar), foi chamado de "aliados confiáveis". A bancada do Governo no Congresso inclui Renan Calheiros, Sarney, Requião; terá Jader Barbalho.
"A minha base aliada", disse Dilma à repórter Patricia Poeta, "ela é composta de pessoas de bem".
Avesso do avesso do avesso
Enquanto isso, há partidos lutando desesperadamente para conter o crescimento do PSD liderado pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab - especialmente o DEM, que teme ser esvaziado tão logo o novo partido comece a atuar. E a imprensa colabora. A última novidade é um laudo do perito Ricardo Molina, segundo o qual há assinaturas falsas nos documentos do partido.
Algumas das assinaturas: Guilherme Afif, que chefiou a organização do PSD; Cláudio Lembo, um dos principais mentores do partido; Marcos Cintra, secretário da administração Kassab e entusiasta da nova legenda. Em vez de uma batalha de peritos, por que não perguntar a Afif, Lembo e Cintra se eles assinaram ou não?
É mais barato, mais rápido e evita o congestionamento dos tribunais com bobagem.
Pobres moços
A Inglaterra anunciou um imenso corte de gastos públicos, o maior desde a Segunda Guerra Mundial. E a Casa Real fez sua parte: reduziu seus gastos em 5,3% (embora o país fature muito com a rainha e tenha lucro com ela). A Casa Real reduziu seus custos de 33,9 milhões de libras por ano (R$ 90 milhões, segundo cálculos do portal Contas Abertas) para 32,1 milhões de libras (R$ 85 milhões). E lá não há despesas secretas nos cartões corporativos, nem nomeação para cargos públicos de empregadas domésticas de Sua Majestade. Caro leitor: compare com certo país ao Sul do Equador. Na Inglaterra são bem mais pobres.
Boa esperança
Ele merece, Luciano Huck. E a mobilização em torno dele - uma corrente no Facebook para que o ex-campeão de boxe Reginaldo Holyfield, último ídolo do boxe baiano antes de Popó, seja premiado pelo quadro Lar, Doce Lar, no Caldeirão do Huck - justifica uma atenção especial ao caso.
A história é dramática: Holyfield, que no fim da década de 1990 era campeão brasileiro e sul-americano de boxe, estava em casa quando o incêndio começou. Poderia salvar-se facilmente, já que estava perto da porta, mas entrou no fogo para salvar os dois sobrinhos. Salvou-os; mas perdeu a casa e sofreu queimaduras em 30% do corpo.
Considerando que Luciano Huck é prestativo e humano, e que o quadro em seu programa distribui casas, montou-se a corrente no Facebook. Junte-se a ela, Huck!
Tem nego bebo aí
Uma bela idéia: o senador Marcelo Crivella, do PRB do Rio, apresentou projeto que proíbe postos de combustíveis e lojas de conveniência, em todo o país, de vender bebidas alcoólicas. Há projetos que já proíbem a venda de bebidas nos postos situados em estradas; mas a tremenda dificuldade para definir o que é estrada (ajudada, naturalmente, pelas empresas da área) faz com que a lei não funcione.
A proibição de venda de bebidas alcoólicas em postos não vai resolver a questão de quem guia bêbado e que já sai com a bebida de casa, mas dificulta a embriaguez por impulso, de quem para no posto e já que está lá enche a cara.
Quem sabe, sabe
Nelson Jobim falou no Congresso sobre Código Florestal, na qualidade de "especialista". E é: bom político, experiente, deve saber tudo sobre cara de pau.
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