Coluna do Carlos Brickmann | Blog do Louremar

domingo, 19 de agosto de 2012

Coluna do Carlos Brickmann

A bagunça é de lei

Num país em que técnico de futebol é "professor", professor é "tio", mãe é insulto e suadouro é crime, as coisas mais estranhas parecem normais. Paralisar o país é simples: basta cumprir direitinho aquilo que mandam a legislação e as normas. A isso se chama "operação-padrão" - ou seja, se tudo for feito rigorosamente de acordo com o padrão exigido pelo serviço, nada vai funcionar.

Até agora, tudo bem: esta é a regra básica do Brasil para principiantes. Mas aqui não seria o país do sal e do sol, em que o barquinho vai e a tardinha cai, se não houvesse a cada dia uma novidade. Pois vai lá: o Superior Tribunal de Justiça declarou que a operação-padrão da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal é ilegal. A operação-padrão, disse um ministro do STJ, "é uma tática que provoca inegáveis perturbações no desempenho de quaisquer atividades administrativas".
Enfim, fazer o que mandam as normas é uma tremenda safadeza.
É claro que a turma do serviço público federal não está fazendo operação-padrão movida pelo incontido desejo de cumprir, item por item, aquilo que lhes é determinado por leis, portarias, despachos, etc. Eles sabem que essas normas são inviáveis e que cumpri-las equivale a fazer greve. Os magistrados também sabem que as normas são inviáveis, tanto que proíbem cumpri-las porque perturbam a tranquilidade pública e equivalem a uma greve não declarada (e ilegal).

Um dia a crise acaba. Mas pode apostar que vai continuar o absurdo das normas que, se cumpridas, paralisam tudo. 

Como diria o Galvão Bueno, É BRASIL!

Viva... 

A esbórnia das paralisações no serviço público federal tem duas faces: a primeira, da total paralisia do Governo da presidente Dilma Rousseff, que deixou a situação fora de controle e permitiu coisas inacreditáveis, como universidades federais há três meses sem aulas; e a segunda, o total descompromisso das centrais sindicais com as necessidades da população, que leva a outros fatos inacreditáveis, como a falta de remédios básicos nos hospitais, prontos-socorros e no programa Farmácia Popular. 

Ainda não há falta de remédios nas farmácias, para quem pode pagá-los; mas para quem é pobre o remédio simplesmente sumiu. 

...se for capaz

A greve da Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, bloqueou a importação de remédios e de componentes para os remédios aqui produzidos. A falta de insulina mata? Que o pobre morra. Remédios para amenizar o sofrimento de quem tem Alzheimer? Que os pobres sofram. O programa de José Luís Datena na Rádio Bandeirantes, SP, passou cerca de uma hora, na sexta, mostrando casos de falta de remédios essenciais na rede pública. E o Governo, que faz para ao menos contornar os problemas mais sérios? 

Faz como Mike Phelps: nada.
Questão de mérito

Quem é, e o que fez, o ministro do Desenvolvimento Agrário? Quem é, e o que faz, a ministra da Igualdade Racial? Quem é, e o que fez, o ministro da Pesca? Quem é Carlos Daudt? Em greve, mesmo, quem está é o Governo.

O lado bom
Acompanhando o julgamento do Mensalão? O caro leitor ainda terá muitas horas de TV pela frente. Há dois outros mensalões na fila, o mais antigo de todos (o de Minas, que envolve gente importante do PSDB e que aparentemente foi a matriz do Mensalão que o Supremo está julgando); o mais novo, o de Brasília, com figurões do DEM, que derrubou o governador José Roberto Arruda.

E, com bom potencial explosivo, o caso goiano: o Superior Tribunal de Justiça mandou abrir inquérito para apurar as relações entre o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. 

Lições de Governo

Amanhã, segunda, um evento de qualidade em São Paulo; o Insper, instituto de ensino superior de prestígio, promove o 2º Fórum de Políticas Públicas, com debates sobre política de saúde, sistema eleitoral e desenvolvimento sustentável. Só gente de primeiro time: Amitabh Chandra, professor of Public Policy, Harvard Kennedy School of Government; Ricardo Abramovay, professor de Economia da USP; Oscar Fernando dos Santos, diretor de Prática Médica do Hospital Israelita Albert Einstein; Thomas Fujiwara, professor de Economia, Universidade de Princeton; Fernanda Leon, professora de Economia da Universidade de East Anglia; Monica Viegas, professora de Economia da Saúde, Universidade Federal de Minas Gerais; Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Política Pública do Insper; Fernando Limongi, professor de Ciência Política da USP; André Nassar, diretor do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais; Carlos Melo e Priscila Claro, ambos professores do Insper. 



Brincando com números
José Sergio Gabrielli, quando presidente da Petrobras, disse que dispunha de duas sondas para operar em águas profundas. Agora, José Formigli, diretor da Petrobras, disse que a empresa terá 40 sondas no fim do ano, "cinco vezes mais do que em 2005". 

Este colunista não sabe fazer contas. Ainda acha que 2x5=10.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário, fique à vontade para criticar e sugerior. Denúncias podem ser enviadas para louremar@bol.com.br ou louremar@msn.com