Carta aberta aos candidatos | Blog do Louremar

sábado, 6 de outubro de 2012

Carta aberta aos candidatos

Amigos candidatos;

Escrevo esse post enquanto os senhores, imbuídos da humildade típica de quem é candidato, ainda aceitam eu chamá-los de amigos.

Depois de eleitos, certamente que não aceitarão. Serão ‘excelências’ que pouco se preocuparão com a opinião da Imprensa. A maioria pensa o que o deputado Sérgio Moraes (PTB/RS) disse: “Estou me lixando para a opinião pública... vocês [jornalistas] escrevem, vocês batem, mas a gente se reelege”.

O fato é que os senhores e senhoras ainda são candidatos e, como tal, se dignam a ler os blogs tentando extrair o que os simples mortais pensam, para usarem como base na  condução de suas campanhas que terminam amanhã.

É nesse contexto que quero pedir um exame de consciência. Uma pausa para reflexão antes que o poder lhes suba à cabeça. Sim, porquê ele não deixa o cidadão embevecido somente após a posse. Inebriante pela própria natureza, o poder coopta a consciência do candidato logo depois da apuração. Daí ele passa a agir como um semideus. A sociedade contribui para isso, é verdade. As portas das concessionárias de veículos importados se abrem sem ranger logo no primeiro dia após a eleição,  os créditos são aprovados sem consulta, ele é o “eleito”.

Pensemos, caros candidatos, como é difícil a caminhada até a vitória numa campanha eleitoral. São articulações que começam bem antes da convenção. No dia da escolha partidária, ainda há o suspense. Enfim escolhido, o candidato terá a labuta do registro, a formação das equipes de trabalho, os gastos. É uma longa jornada até o dia da vitória.

Pensemos no universo dos que querem ser candidatos. O número dos que realmente conseguem ser indicados, demonstra que vocês, caros candidatos, começaram aí a passarem pela porta estreita dos escolhidos. Desses que fazem a campanha, quantos serão eleitos? Se você for um deles, não terá sido apenas sorte. Que tal pensar que você foi escolhido para uma missão?

Pensemos como o nobre candidato ou candidata pediu, implorou para que as pessoas simples no pensar e pobres no possuir, dessem a você uma oportunidade. O dia chegou. Aqueles estranhos a quem você visitou, usando as mãos que você apertou de forma autômata muitas das vezes, irão estar a sós numa cabine digitando o seu número. E não o farão de forma impensada, sem reflexão. Para o eleitor, para a maioria deles, é um gesto importante.

Pensemos, caro candidato, na importância desse gesto quando – no final do dia – o seu nome começar a replicar no noticiário, nas TVs, nas rádios, nos blogs. Se veja como um eleito para uma missão de melhorar a vida da sua comunidade. Antes de autorizar a abertura da caixa de uísque ou a queima dos fogos, recolha-se em si e se conscientize de que não é o vencedor de verdade. Quando eleito, caro candidato, serás o símbolo daquele povo que lhe deu o voto, será a esperança de cada uma daquelas pessoas que ponderou tantas vezes se realmente valeria a pena confiar no seu sorriso brejeiro estampado na face quando daquela visita em seu casebre.

O seu município, qualquer que seja ele, tem problemas. Pensemos, caro candidato, que você não vai querer ser mais um problema não é mesmo? Comece do primeiro dia a não pensar nas fraudes, nos desvios, nos ‘jeitinhos’ de burlar a lei.

Ao se comportar dignamente, seja prefeito ou vereador, estarás trabalhando para que a merenda chegue na escola das crianças, para que os velhinhos tenham remédios nos postos de saúde, para que os jovens tenham empregos gerados nas empresas que foram atraídas para o seu município.

Louremar Fernandes 

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