Poema da Fidelidade | Blog do Louremar

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Poema da Fidelidade

Nenhum poeta é fiel
Nem mesmo a sua própria poesia
A poesia é fiel
É canto
É conto
É companhia
É quilha que corta a heresia
É solidão que compreende e alivia

A poesia é uma ilha errante
Que abriga cultos e rogados
Togados e sem Fé
É [uma] Catedral longínqua
Que recebe crentes e ateus

A poesia é dia Uma hora sem fim
O momento da criação
Ou um simples espasmo de prazer
Mesmo cria do poeta
A poesia é fiel Às vezes fel
Outras véu

A poesia é um ponto distante
Um pólo prófugo
Um tempo sem fim

O poeta é vil
Pecador urdido
Amante sofrido
Deus sem Fé e sem pudor

A poesia é dor
O poeta é suor
A poesia tem dó

O poeta é vendilhão de sonhos
Feitor canastrão de elegias
Paridor de rimas desmedidas
Ilador de cismas Profeta arguto do futuro
Cantor medieval do parnaso
Vetor de crimes em nome do amor

O poeta não é fiel nem a sua própria poesia
Nem mesmo sendo ela sua única e fiel companhia
Abel Carvalho


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