Reeleições com máquinas azeitadas | Blog do Louremar

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Reeleições com máquinas azeitadas

Qual a importância de ocupar um cargo na administração pública, quando se pretende concorrer a uma eleição? O Site Sétimo Mandamento fez uma análise de candidatos que foram secretários no governo Roseana Sarney e se deram bem nas urnas. Ter um parente como Prefeito também não é mal. Na análise, é considerado o desempenho de Gardeninha Castelo cujo pai é prefeito de São Luis e Sétimo Waquim, cuja esposa é prefeita de Timon.

“Após a análise dos dados das eleições de 2010, em comparação com as eleições de 2006, para deputado estadual, se percebe como alguns jeitinhos são bastante eficientes para catapultar um eterno suplente para uma cadeira no parlamento com votação extraordinária.

A receita é simples: basta que o próprio pretenso candidato, ou um parente seu, esteja ocupando um cargo de relevo na administração pública para que o distinto possa se eleger, geralmente com votação farta.

O cargo de secretário de estado, por exemplo, é um excelente negócio para quem pretende um mandato.

Passamos a exemplificar os casos dos deputados eleitos em 2010, em comparação com suas performances nas eleições de 2006.

O campeão de votos de 2010, o ex-secretário de Saúde, Ricardo Murad (PMDB), obteve 76.265 votos, aumentando em mais de 40 mil votos sua votação das eleições de 2006, que foi de apenas 35.521 votos. Aumentou mais que o dobro daquela votação.

A Secretaria de Saúde parece ser o melhor negócio para quem pretende ser campeão de votos.

Afonso Manoel (PMDB), um eterno pré-determinado a suplente, que em 2002 manteve a tradição ficando na quinta suplência, quatro anos depois foi eficientíssimo. Com a esposa Helena Duailibe ocupando a Secretaria de Saúde, em 2006, no governo Zé Reinaldo, foi alçado espetacularmente a campeão de votos com 71.372 sufrágios. A Secretaria de Saúde deu-lhe muita vitamina para eleger-se.

Em 2010, Afonso Manoel conseguiu se reeleger, mas certamente foi com os “apoios” que guardou, possivelmente no alforge, da gestão da esposa na Secretaria de Saúde em 2006.

Raimundo Cutrim (DEM), na segunda vez em que ocupou a Secretaria de Segurança, também descobriu o segredo da multiplicação dos votos. Em 2006 obteve 40.627 votos, mas em 2010 saltou para 73.186 votos. Isso tudo com muita segurança.

Outro que sabe o caminho das pedras é Max Barros (DEM), ex-secretário de Infraestrutura que, em 2006, saiu das urnas com 37.037 votos, e emergiu das eleições de 2010 com 64.969 votos. Uma ótima infraestrutura, sem dúvida.

César Pires (DEM), ex-secretário de Educação, não ficou atrás. Em 2006, obteve modestíssima votação: apenas 24.294 votos. Em 2010, após sua pedagógica gestão na Secretaria de Educação, catapultou sua votação para mais que o dobro, 52.450 votos.

Roberto Costa (PMDB), outro vocacionado à suplência, seguiu a cartilha direitinho e soube fermentar seu desempenho eleitoral. Em 2006, teve apenas 19.484 votos. Após ocupar a Secretaria de Esportes, onde aprendeu a se exercitar esportivamente, nas eleições de 2010 teve mais que o dobro dos votos da eleição anterior, 45.257.

Uma eterna suplente que soube colher os frutos do cargo ocupado pelo bondoso pai, foi Gardeninha Castelo (PSDB). Em 2006, com o pai sem mandato e também sem lenço, a ilustre ex-suplente teve pífios 22.760 votos.

No entanto, em 2010, com o pai João Castelo já prefeito da “cidade de todos”, Gardeninha praticamente triplicou a votação de 2006, alcançando 60.851 votos.
Isso tem um lado extremamente positivo, pois o querido papai sabe que uma “cidade de todos”, também é da filha querida. Nada demais dar uma forcinha.

Mas vem de Timon o exemplo mais espetacular de todos, com Sétimo Waquim (PMDB), esposo de Socorro Waquim, que foi eleita prefeita em 2004. Antes de a esposa chegar à prefeitura da quarta maior cidade do Estado, Sétimo havia ocupado apenas a vereança em Timon.

Após o êxito conjugal, Sétimo alçou vôos federais, conseguindo eleger-se deputado federal em 2006 e agora reeleito com 86.399 votos. Uma ascensão eleitoral fantástica, sem dúvida. Talvez a receita do sucesso seja atrasar o salário de servidores, como ocorre em abundância em Timon.

Muitas línguas maldosas dirão que é o uso da máquina pública que faz milagres numa eleição, o que é uma grande infâmia. Eles usam apenas o combustível que movimenta a máquina, ou seja, dinheiro, muito dinheiro público para azeitarem seus objetivos eleitorais”.

O Sétimo Mandamento É uma ferramenta da sociedade civil organizada. É uma iniciativa da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, as Redes e Fóruns de Cidadania do Estado e outras organizações sociais.

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