Todo mundo quer ser o candidato de Lisboa

Os pré-candidatos a Prefeito de Bacabal  tem um ponto em comum: a vontade de receber o apoio do prefeito Lisboa.

Lisboa é um dos prefeitos com pior índice de popularidade da história. Nem Zé Vieira, que deixou o funcionalismo sem receber salário por seis meses, foi tão antipatizado.

Fora isso, o prefeito enfrenta vários processos. Criou para o município um prejuízo que hoje beira os 3 milhões de reais em multa. Responde a um processo por improbidade administrativa que já tornou indisponíveis os seus bens

Mas por que todo mundo quer ser o candidato de Lisboa?

Na verdade, todos acham que podem se dissociar da imagem do Prefeito mesmo sendo apoiado por ele. E buscam esse apoio não pela densidade eleitoral, mas pelo poder de gasto que um Prefeito tem.

Sei que alguém vai dizer que isso é contra a lei ou qualquer coisa do gênero, mas investigar esses financiamentos de campanha é um problema do Ministério Público.

O certo é que todos comentam aos quatro ventos que a campanha vai ser muito cara e que só ganha uma eleição em Bacabal quem tiver muito dinheiro para gastar. Claro que não estão falando somente dos gastos normais de campanha como cartazes, adesivos e carros de som. Falam em milhões de reais.  

Ora, se consideram que é preciso soma tão vultosa, quem poderia dispor de um dinheiro desses? A ‘viúva’, claro.  Por isso cada um dos postulantes quer o apoio do Prefeito Lisboa. Além do potencial financeiro, a Administração é um ser com vários tentáculos. E nessa expectativa, engolem seus orgulhos, fingem que não veem nada e seguem tentando pavimentar a estrada que levará à Prefeitura.

Taugi Lago, foi relegada a segundo plano durante todo o mandato. Mas pergunte se ela se indignou com isso. Pergunte se quer sair candidata sem o apoio de Lisboa.  A vice-prefeita vive evocando um acordo que teria sido feito quando decidiu apoiar Lisboa na última campanha. Diz ela que uma das cláusulas seria Lisboa apoiá-la agora. Ela quer continuar o trabalho de Lisboa.

Zé Alberto, pecuarista, gastou muito dinheiro com a eleição do seu filho para Deputado Federal. Suas aspirações já foram oficialmente rechaçadas. O grupo não lhe dá apoio mas ele continua orbitando o poder. Participa de reuniões e sonha com o apoio de Lisboa. Quer ser a continuação de Lisboa.

Nonato Chaves, engenheiro, secretário de Obras, também sonha em ser o candidato ungido por Lisboa. Diz que sai independente, mas todo mundo duvida.Tem seu nome comentado algumas vezes pelo próprio Prefeito, de quem além de assessor é compadre. Acha que conseguirá ser o nome indicado para continuar o trabalho de Lisboa.

Liduina Tavares, vereadora. Tem seu nome citado em alguns grupos. Pertence à base aliada. Embora tenha demonstrado algumas atitudes firmes, continua seguindo a orientação do grupo de Lisboa. O grupo não a vê com bons olhos. Tentam esconder dela até reuniões políticas. Agora tem um partido sob o seu comando, o PTB. Liduina só deve demonstrar disposição de sair candidata, se for em conseqüência de uma decisão do Prefeito. Se a escolhida for ela, muito bem. Se não for, é aguardar.

Júnior do Saae, secretário de Administração. Nunca pensou em ser sequer uma autoridade, nos tempos em que era perseguido no Saae pelo ex-diretor Daniel e andava numa bicicleta verde. Chegou a ser vice-prefeito. Hoje é o preferido pelo prefeito Lisboa. Está no lucro, literalmente falando. Desse não se pode dizer  que sonha com o apoio de Lisboa, porque já o tem.

Raimundo Lisboa aguarda. Sabe que ele dará as cartas. Ao apoiar Júnior do Saae, raciocina que se todos os outros querem o mesmo apoio é porque não tem tanta força nem coragem para se lançarem candidatos contra o governo municipal. Sendo assim, a indicar um em que não tenha plena confiança, melhor indicar Júnior, com quem compartilha todas as articulações do poder.