"Pisando na jaca"
Nos EUA, os doidos do Tea Party por pouco não quebraram a economia, por motivos eleitorais. Aqui não há Tea Party, mas é quase a mesma coisa. E os políticos governistas, por motivos, digamos, ligados à vida monetária, pisam na jaca.
As razões da briga entre Dilma e seus aliados têm menos importância que as represálias insinuadas pelos parlamentares - como vetar a DRU. A DRU, ou Desvinculação das Receitas da União, é a retirada do gesso do Orçamento, bloqueado por despesas obrigatórias criadas ao longo dos anos. Obedecidas as vinculações, o país para; e os parlamentares, que ameaçam mantê-las, sabem disso.
Outras bombas que os governistas ameaçam detonar são a PEC 300 e a Emenda 29, ambas justas. A PEC 300 fixa o piso salarial da PM em todo o país no maior nível hoje existente, o de Brasília, e obriga o Governo Federal a dar o dinheiro aos Estados que não puderem pagá-lo - quase todos. A Emenda 29 fixa gastos obrigatórios com saúde em Estados, Municípios e União.
As emendas são justas mas não há como pagá-las. Os parlamentares tanto sabem disso que as usam como chantagem. Não se interessam pelas emendas, nem por quem seria beneficiado. E o país que se dane, desde que o deles chegue inteirinho. À presidente Dilma, que no caso tem razão e não pode ceder à chantagem, resta apenas uma saída: como Margaret Thatcher, na Inglaterra, ficar firme, aguentar a impopularidade, derrotar os chantagistas e colher mais tarde os frutos da vitória.
Só que Ms. Thatcher enfrentava os adversários, não os aliados.
O sono dos pássaros
Curioso: nessa guerra que coloca o futuro do país em risco, não se ouve falar da oposição, que teria o dever de fiscalizar o Governo. DEM e tucanos, qual jibóias, dormem enquanto digerem a última derrota eleitoral. E o país que se dane, desde que eles não tenham de se opor. Fazer oposição dá um tra-ba-lho!
Pão e circo
A presidente Dilma não pode se queixar de não ter sido avisada do último espetáculo televisivo da Polícia Federal. Não cabe aos policiais avisar a presidente, mas cumprir as decisões da Justiça. Ponto final. Mas a presidente tem todos os motivos para se queixar da transformação de prisões em espetáculo. Mobilizar centenas de agentes para prender burocratas, levando a TV, não tem sentido: só serve para dar à defesa dos acusados mais um argumento contra as prisões.
Circo e pão
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a Polícia Federal é subordinada, precisa decidir: ou sabia da preparação de um espetáculo - e isso é terrível - ou não sabia - e isso é pior ainda, porque o chefe é o responsável.
A vitória do crime
O assassínio da juíza Patrícia Accioli, da 4ª Vara Criminal do Rio, levanta uma dúvida: se cabia a ela julgar integrantes de milícias, se ela havia condenado assassinos de aluguel, se combatia grupos de extermínio, como é que não tinha proteção de seguranças? No caso, não é sequer questão de saber se ela queria ou não esta proteção: da mesma maneira que ocorre com as autoridades, isso faz parte de seus direitos ou de seus problemas. Se não a aceitasse, que fosse para outro cargo.
Não se pode permitir que alguém cuja profissão é exatamente a de contrariar bandos criminosos seja exposta à vingança das quadrilhas.
O álcool perigoso
Gente famosa foi apanhada pelo policiamento de trânsito, no Rio, e se recusou a fazer o teste do bafômetro (e, se se recusaram, é porque têm motivos para isso). Em São Paulo, dois acidentes horríveis, com mortos, têm ligação com o consumo de álcool (e, nos dois casos, os motoristas que mataram gente também se recusaram ao teste do bafômetro). No país inteiro, o álcool mata nas ruas e rodovias. E, fora do trânsito, o alcoolismo é um sério problema de saúde pública, terceira doença que mais mata no mundo. Alguém poderia explicar por que a propaganda de bebida alcoólica continua livre, usando até a imagem da Seleção brasileira?
Bebida para jovens
Esta coluna recebeu há dias a notícia de que uma famosa marca de uísque, "dentro da estratégia de se aproximar do consumidor jovem", lançou aplicativos para Iphone, Ipad, Ipod, "com foco no lifestyle masculino", seja lá isso o que for. Não é a única: é apenas mais uma. Mas é quem confessa com todas as letras que quer conquistar consumidores mais jovens. Só falta mamadeira com uísque!
Alô, Conar! Alô, Anvisa! Alô, Conselho Nacional de Trânsito! Alô, associações médicas! Vale mostrar
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