Coluna do Carlos Brickmann | Blog do Louremar

domingo, 16 de outubro de 2011

Coluna do Carlos Brickmann

Histórias como o governo quer

A ministra Iriny, aquela que implicou com a propaganda da Giselle Bündchen, já tomou uma surra memorável no Conar, Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária: 20x0. Mas tanto ela quanto a secretária da Educação do Rio, Cláudia Costin, ainda tentam se meter nos roteiros das novelas.

Imaginemos como seriam as histórias se Suas Excelências pudessem impor seus pontos de vista. A Chapeuzinho seria "Vermelha", claro - o adjetivo não concordaria com o substantivo, mas com o gênero, que seria valorizado. O Lobo Mau precisaria mudar de nome, para que as crianças não associassem a maldade a um animal. Ele se chamaria Lobão - por que não Édison Lobão, de quem o Governo gosta tanto? Não comeria a Vovó: isso é coisa de humorista sem graça. Seria companheiro da Vovó. Chapeuzinho, em vez de chamar os caçadores para livrá-la do lupino assédio, iria a uma delegacia, em que seria tratada com toda a dignidade, para denunciá-lo com base na Lei Maria da Penha. E seria atendida.

Os Três Porquinhos seriam amigos do Lobão. Em vez de caçá-los, Lobão os levaria para Brasília, onde comeriam, mamariam e ficariam amigos de Sarney. Joãozinho e Maria não seriam presos pela Bruxa, que isso não é exemplo que se dê às criancinhas. Com fome, iriam para uma instituição conveniada, daquelas com verbas do Governo. Não teriam de provar que estavam engordando, porque obesidade também é feio e a comida, afinal, nem seria tanta, embora superfaturada.

Mas mostrariam o dedinho, ah, isso mostrariam. E fariam muito bem.

Onde está o dinheiro 1

A Secretaria de Políticas para Mulheres, da ministra Iriny Lopes, gastou neste ano, até agora, R$ 6,2 milhões. Destes, R$ 2,8 milhões, 45% foram para a Call Tecnologia e Serviços, empresa de call Center.

Repetindo: 45% das despesas de uma secretaria com status de Ministério foram para uma empresa de call-center.

Onde está o dinheiro 2

Existe gente no mundo que sabe fazer negócios. Hugo Chávez, por exemplo, queria fazer sozinho uma refinaria de petróleo no Brasil. Depois, aceitou ser parceiro majoritário da Petrobras. Finalmente, topou a fórmula de 60% a 40%, sendo a Petrobras majoritária. E não gastou um centavo. Pressionado, conseguiu convencer o BNDES a emprestar o dinheiro para o investimento; e boa parte das garantias foi dada pelo Banco do Brasil. Se a Venezuela não pagar a dívida com o BNDES, o Banco do Brasil paga uma bela fatia - de qualquer jeito, é o dinheiro brasileiro financiando um país produtor de petróleo, membro da Opep.

Este colunista também quer! Com duas vantagens: é brasileiro; e não pedirá auditoria, que não é maluco. Como ensina Silvio Santos, quem procura acha.

Justin Bieber e o amigo

Muita gente estranhou a foto do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com Justin Bieber. O jornalista Augusto Nunes realiza uma enquete sobre o que conversaram (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/).Tudo maldade: os dois se encontraram porque têm muita coisa em comum. Ambos se consideram a última bolacha do pacote. E este colunista não aguenta ouvir nenhum dos dois.

Dois segredos revelados

1 - A abertura da Copa do Mundo deve ser mesmo em São Paulo, no novo estádio do Corinthians (a informação foi confirmada pelo falecido polvo Paul);

2 - A FIFA vai conseguir tudo o que quer. Já está isenta de impostos até para o uísque que servir a seus convidados, o que inclui o caviar dourado do Irã e trufas negras e brancas à vontade. A isenção vale até seis meses depois da Copa. Por que há a isenção de impostos depois da Copa? Porque eles querem, oras!

3 - Isso não é segredo, porque todos conhecem a firmeza de propósitos de nosso Governo. A lei da meia-entrada será mantida, queira ou não queira a FIFA, em todos os Estados e estádios onde não houver partidas da Copa.

Cabo Anselmo e a volta por cima

Roda Viva, o tradicionalíssimo programa de entrevistas da TV Cultura, SP, inaugura sua nova fase com um convidado inesperado: José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, que foi agente provocador em 1964 (liderou a rebelião dos marinheiros que foi um dos estopins para a derrubada do presidente João Goulart), aderiu à luta armada contra o regime militar e trabalhou para os organismos de repressão, levando à prisão e à morte vários militantes - inclusive sua mulher, grávida.

Anselmo passou anos na clandestinidade e foi encontrado pelo repórter Percival de Souza, hoje na Rede Record; mas continuou evitando aparecer muito, especialmente depois que seus ex-companheiros chegaram ao poder. O Cabo Anselmo é o primeiro entrevistado de Mário Sérgio Conti, ex-Veja, que substitui Marília Gabriela no comando de Roda Viva. Nesta segunda, dia 17, às 22h.

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