A polêmica da semana é um papiro que mede 8 cm de
largura por 4 cm de comprimento, escrito em copta o texto mostra Jesus usando a
expressão “minha mulher”. Copta é um idioma descendente da língua dos faraós. Era
falado pelos egípcios no período do Império Romano.
O papiro não tem procedência exata e chegou à
público pelas mãos da pesquisa Karen King, especialista em cristianismo antigo
da Escola de Teologia de Harvard. O documento pertence a um colecionador de
antiguidades que o deu a King para ajudar a decifrar o texto.
King apelidou o papiro de “Evangelho da Mulher de
Jesus”. Ela pediu a ajuda de outros especialistas em papiro e na língua copta
para decifrar o texto.e o resultado da sua pesquisa inicial foi apresentado na
semana passada em Roma, durante uma reunião de estudiosos da língua Copta.
A historiadora disse que o papiro não apresenta
informações confiáveis sobre a figura histórica de Cristo. O texto mostra o intenso debate sobre os prós e contras do
sexo e do casamento nos primeiros séculos do cristianismo. A polêmica ainda é
debatida em temas como o celibato dos padres ou a ordenação de mulheres.
Os fragmentos dizem, entre outras coisas,
"Maria [Madalena?] é digna disso" e, logo depois da menção a
"minha esposa", "ela será capaz de ser minha discípula" e
"eu habito com ela".
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Editoria de Arte/Folhapress |
A polêmica
O trabalho foi publicado na revista especializada “The
Harvard Theological Review”. Dois dos especialistas que revisaram o artigo
chegaram a questionar a autenticidade do material. Especialistas em papiros
afirmaram que o padrão de manchas e fibras marcadas por tinta, seria difícil de
ser forjado.
Alin Siciu, papirologista da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, disse à agência de notícias Associated Press: “Eu diria que é uma fraude. A caligrafia não parece autêntica”. Outro aspecto questionado foi o aspecto “limpo” do papiro.
O grande consenso entre os especialistas, no
entanto, é que o texto, se for autêntico, não diz respeito ao Jesus histórico,
por ter sido escrito muito depois da morte de Cristo, "provavelmente no
século 3º", diz Chevitarese --a data da composição inicial seria anterior
à da cópia preservada parcialmente.
A grande diversidade de visões teológicas nas comunidades cristãs dessa época significa que, enquanto algumas defendiam a supremacia dos homens e o celibato, outras incluíam a participação feminina --e o modelo disso podia ser a proximidade entre Jesus e Maria Madalena.
A pesquisadora de Harvard, cuja seriedade é
defendida por todos os especialistas, diz que pretende submeter a tinta do
fragmento a análises químicas capazes de determinar a sua idade.
Para o Vaticano, nada muda.
O Vaticano se manifestou através do porta voz da
Santa Sé, Frederico Lombardi. Ele disse que “não se sabe bem de onde veio esse
papiro” e completou "Mas a aparição dele não muda em nada a posição da
Igreja, a qual se fundamenta numa longa tradição. Não muda em nada a visão
sobre Cristo ou sobre os Evangelhos. Este acontecimento não tem influência
nenhuma sobre a doutrina católica",
O diretor do jornal do Vaticano, "Observatório Romano", Giovanni Maria Vian, diz que "na tradição da Igreja não se conhece nenhuma menção a uma mulher de Jesus. Em todos os textos históricos Jesus aparece solteiro. Neles, o apóstolo Pedro claramente aparece como sendo casado. Por que se ocultaria isso no caso de Jesus?"
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Com informações da France Press e Folha.com
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