A renúncia de Zé Vieira

Quando anunciou a sua disposição em ser, pela quarta vez, candidato a prefeito de Bacabal, o deputado federal José Vieira Lins sabia que enfrentaria dois tipos de problemas: de saúde e com a Justiça.

Vindo de pelo menos duas intervenções cardíacas, ele conseguiu levar a campanha até o final sem  sofrer qualquer contratempo. Pessoas próximas a Zé Vieira garantem que ele está muito bem de saúde. E isto é certo, uma vez que a rotina de uma campanha eleitoral é muito sacrificante e enquanto esteve na frente, Zé Vieira chegou mesmo a protagonizar cenas que mostram a sua integridade física, como a exemplo do carnaval fora de época realizado na cidade e a cena em que saltou na garupa da bicicleta de um jovem, durante um dos eventos públicos que realizou (veja)  

No  trato com a Justiça, Zé Vieira não foi bem sucedido. Condenado em pelo menos dois processos pelo Tribunal de Contas da União, teve o registro da sua candidatura rejeitado em duas instâncias. Primeiro pelo juiz Roberto de Paula, em Bacabal.  O candidato apresentou recurso ao Tribunal Regional Eleitoral que também negou o registro.  Um segundo recurso foi então dado entrada no Tribunal Superior Eleitoral em Brasília.

Durante todo o tempo, os adversários argumentaram que haveria de fato a troca de Zé Vieira por outra pessoa. De verdade, logo no início, três nomes chegaram a ser aventados como possíveis numa substituição, os de Patrícia Vieira Lins, o de Almir Rosa Júnior ( candidato a vice-prefeito) e o do deputado estadual Carlinhos Florêncio (releia) 

A campanha

Flagrante do último comício, realizado ontem no Centro Cultural.  Foto: Divuilgação

Mesmo com a negação do seu registro, Zé Vieira continuou fazendo a sua campanha. Em um nível normal de aceitação, fez grandes comícios e duas carreatas. Dos três candidatos que concorrem na cidade, foi o único que realizou um comício no Centro Cultural, local de grandes concentrações. O evento foi o comício de encerramento, realizado ontem e que reuniu milhares de pessoas.

O  bom volume de campanha e o comparecimento dos eleitores nos eventos fez com que o candidato levasse a campanha adiante apostando numa reviravolta no âmbito judicial. Com isso garantiu também a colocação do seu nome na urna eleitoral. Quando o eleitor digitar o número 22, vai ver a foto de Zé Vieira.

Foto: Divulgação

Uma nota triste  no último evento foi um acidente em que um dos fogos de artifício estourou no solo, ferindo seis pessoas, duas delas gravemente. Uma das vítimas foi um jovem que teve o baço retirado após uma cirurgia, outro foi um rapaz ferido no pescoço pelos estilhaços do foguete.

A decisão de renunciar

O Blog apurou que, por duas vezes o deputado Zé Vieira optou pela renuncia. A primeira foi na quarta-feira, quando decidiu que iria fazer o anúncio da substituição do seu nome pelo da esposa no último comício. Foi dissuadido da ideia pelos seus advogados e por pessoas próximas. Os conselheiros imaginaram um cenário em que, mesmo sem o registro da candidatura, Zé Vieira seria eleito e continuaria lutando na Justiça pela diplomação e depois pela posse no cargo de prefeito.

Essa hipótese prevaleceu até a tarde hoje. Por volta das 14 horas, Zé Vieira reuniu com o candidato a vice-prefeito Almir Rosa Júnior, com o prefeito Lisboa e com a esposa Patrícia e decidiu protocolar a renúncia e apresentar Patrícia Vieira Lins como candidata. Poderia dar entrada no documento até as 19 horas de amanhã ( 6) mas às 18h30 de hoje um advogado da coligação "Bacabal de Novo nas Mãos do Povo" estava no cartório eleitoral protocolando a renúncia. Segundo uma fonte próxima ao candidato, "ele não quis repetir a história de Taugi, preferiu renunciar a tempo de ser bem claro com o povo". 

Não é a primeira renúncia de um candidato em Bacabal

Taugi Lago hoje é candidata a vice do
pecuarista Zé Alberto Veloso

No ano 2004, Taugi Lago estava em sua segunda campanha eleitoral. Na primeira havia perdido para Zé Vieira quando este conquistou a reeleição. Agora Taugi enfrentava o atual prefeito Raimundo Lisboa. Fez uma grande campanha e deveria ser a eleita, não fosse o ego do então vice-governador Jura Filho, filho de Taugi. Mesmo instruído a não assumir o governo do Estado para não tornar sua mãe inelegível em Bacabal, Jura aproveitou de uma viagem do então Governador José Reinaldo e assumiu o Palácio dos Leões com pompa e circunstância.

Taugi fez a sua campanha, mesmo sob a suspeita de que renunciaria. No apagar das luzes, aceitou pela renúncia numa reunião feita na madrugada. A história vazou na véspera do dia da votação, chocou seu eleitorado e foi determinante para que ela perdesse a disputa por apenas 668 votos.