Índios torturaram em nome da ditadura

O governo ditatorial militar recrutou índios de pelo menos cinco aldeias para integrarem um pelotão responsável por torturas nos territórios indígenas brasileiros.

A revelação foi trazida na noite de domingo (11) pela TvFolha, com a assinatura da repórter Laura Capriglione.

Imagens captadas em Belo Horizonte, No dia 5 de fevereiro de 1970, mostram a formatura da Guarda Rural Indígena (Grin). As imagens nunca haviam sido divulgas. Ficaram durante  esses 42 anos escondidas no Museu do índio no Rio de Janeiro.

Deu-se a preservação do material, ao cuidado na hora de etiquetar o lote de filmes. Quem filmou foi o documentarista Jesco von Puttkamer (falecido em 1994) e que depois doou o material para a IGPA (Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. A etiqueta com o nome “Arara” pode ter levado quem viu a supor se tratar de imagens dos índios da etnia Arara.

Mas qual. Ao ser analisado os 26 minutos e 55 segundo de filme, surgem cenas da formatura da Grin. Os índios todos empolados em seus uniformes desfilam no quartel do Batalhão-Escola Voluntários da Pátria, da Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Durante o desfile, a cena que inspirou Jesco a etiquetar o filme, um homem é conduzido no pau de arara sob o olhar de milhares de mineiros e autoridades da república. Estava presentes, dentre outros,  o ministro do interior, general José Costa Cavalcanti, o governador de Minas, Israel Pinheiro e o presidente da Funai, José Queirós Campos

Estava dada a autorização para os 84 índios da Grin patrulharem, usando até mesmo os rituais de tortura, os seus territórios. Criada por uma portaria de 1969, a Guarda reuniu índios das aldeias aldeias xerente, maxacali, carajá, krahô e gaviões. Recebiam o soldo mensal de 250 cruzeiros novos, o que equivale nos dias de hoje a pouco mais de R$ 1 mil. 

E os relatos de torturas e estupros cometidos pelos tais guardas não são poucos.

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