Filhos de pais torturados pela ditadura vão à Justiça | Blog do Louremar

domingo, 16 de dezembro de 2012

Filhos de pais torturados pela ditadura vão à Justiça

Do: O Dia online
Eunício Cavalcante acredita que os problemas da filha
Tânia tem origem com suas prisões Foto: Fábio Gonçalves/Ag. O Dia

Eles não pegaram em armas e sequer sabiam o significado de ideologia nenhuma. Eram muito crianças para isso. Contudo, por força do cenário político da época, tornaram-se personagens involuntários de um dos períodos mais tristes da História recente do Brasil, quando seus pais foram presos ou sequestrados e torturados nos porões da ditadura que se instalou no país com o golpe militar de 64.


Muitos desses filhos amargaram o exílio forçado dos pais até poderem retornar ao Brasil. Tantos outros permaneceram no país, mas não puderam desfrutar da presença do pais, ou mãe, ou até mesmo dos dois, que passaram meses e até anos encarcerados. Outros, ainda, os perderam definitivamente para as torturas da repressão.

Essas são histórias de pessoas, hoje adultas, cuja carga de sofrimento acumulado desde a infância foi eclodindo ao longo dos anos, deixando sequelas. Agora, começam a mover ação judicial contra a União, a quem responsabilizam por seus transtornos psicológicos e tentam reparação financeira por danos morais.

Tânia Cavalcante, 54 anos, filhas do oficial de Marinha e ex-preso político Eunício Cavalcante, 79, começou a ter surtos psicóticos aos 31 e já se submeteu a três internações e tratamentos.

Laudo médico anexado à ação judicial movida pelo advogado João Tancredo atesta que ela sofre com alucinações verbais, depressão e delírios persecutórios (crença de estar sendo vítima de conspiração, traição, espionagem, perseguição).

Segundo o pai, a origem dos males psicológicos da filha está nas prisões dele e em sua vida de clandestinidade.

“Quando ela surta, diz que sou descuidado e que os agentes da ditadura estão preparados  para desaparecerem comigo. Fala que estamos enganados por acreditar que os militares não vão mais torturar e matar aqueles que se opuserem ao regime”, conta Eunício Cavalcante.

Crianças de 4 e 5 anos de idade assistiram às torturas da mãe

Um dos casos mais emblemáticos da época da repressão política é o da família Teles. Cesar e Maria Amélia eram do PCdoB. Em 1972, ao ser preso, o casal tinha dois filhos: Edson, de 4 anos, e Janaína, de 5.

Segundo a família, no dia seguinte, os agentes voltaram à casa e levaram as crianças e a tia delas, Criméia Alice Schmidt de Almeida, grávida de sete meses. Janaína e Edson viram a mãe sendo torturada.

A tia também sofreu bárbaras torturas — e seu marido, o guerrilheiro Andre Grabois, foi morto no Pará.

“Quando eu era torturada, o bebê tinha soluço na minha barriga. Até hoje meu filho tem essas crises de soluço e problemas gástricos”, conta Criméia.O filho, João Carlos, 40 anos, entrou com ação na Comissão de Anistia pedindo reparação financeira e ganhou a causa.

O advogado Paulo Henrique Fagundes, do Grupo Tortura Nunca Mais, já impetrou ação pedindo reparação financeira para Luiz Felipe Monteiro, filho de Lyda Monteiro, morta num atentado a bomba, e estuda o caso de Felipe Magalhães, filho da guerrilheira Vera Sílvia Magalhães.

Um comentário:

  1. O Blog do sr. Louremar agora é igual ao Jornal o Estado do Maranhão. Só publicam o que esta dentro da conveniência e oportunidade.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário, fique à vontade para criticar e sugerior. Denúncias podem ser enviadas para louremar@bol.com.br ou louremar@msn.com