O país que bate cabeça
1 - Paulo Nogueira Batista Jr., representante do
Brasil no Fundo Monetário Internacional, não apoiou o auxílio do FMI à Grécia.
A posição do Governo brasileiro, expressa pelo ministro Guido Mantega, é a
favor da concessão do auxílio à Grécia. Quem manda, quem obedece? Mantega, que
sempre obedece, nesse caso vai mandar? E Dilma? Alguém a desobedeceu. Quem
perde o cargo?
2 - Manifestantes em São Paulo vão à Prefeitura gritar
"Fora, Alckmin" e "Fora, Cabral". Poderiam contar-lhes que
o prefeito é Haddad e que Alckmin fica do outro lado da cidade. E que Cabral é
governador de outro Estado.
3 -
Na denúncia de formação de cartel em São Paulo, para superfaturar equipamentos,
a Siemens diz que o Governo estadual do PSDB a informou de que era melhor haver
um acerto prévio entre as empresas, para a concorrência fluir bem. O secretário
de Transportes do Governo Covas (época dos primeiros acertos denunciados),
Cláudio de Senna Frederico, diz que não soube do cartel. Mas completou:
"Não me lembro de ter acontecido uma licitação, de fato,
competitiva". Se a licitação não era, de fato, competitiva, por que o
secretário a realizou assim mesmo e aceitou o resultado? Terá informado o seu
chefe Mário Covas?
4 -
Segundo o Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o acerto, iniciado
no Governo Covas, estendeu-se no mandato do sucessor Alckmin, e pegou o
primeiro ano de Serra, todos tucanos, críticos da corrupção. Muita gente que
foi destes Governos, até na área da Justiça, continua no poder. Será ouvida?
O PSDB paulista divulgou nota informando que quer
investigar os fatos, punir os responsáveis e conseguir a restituição do que
tiver sido cobrado a mais. Queixa-se do Cade, que não apenas deixaria de
repassar informações à Corregedoria de São Paulo como também vazaria dados à
imprensa "para produzir efeitos políticos e eleitorais". OK. Mas
desde 2008 esta coluna informa que investigações na Europa mostraram
irregularidades nos contratos internacionais com São Paulo.
O Governo agiu rápido na época: sentou-se em cima
para abafar o caso.
Por falar em bater cabeça, o secretário de
Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, Sérgio Vidigal, disse
que o reajuste do seguro-desemprego, para quem ganha mais de um salário mínimo,
passaria de 6,2% para 9%, com a concordância da Casa Civil e do Ministério da
Fazenda. O Ministério da Fazenda o desmentiu: nem um tostão acima de 6,2%.
Detalhe: ambos os ministérios fazem parte do mesmo
Governo, chefiado pela gerenta Dilma.
Onde está Gilbertinho?
O colunista Augusto Nunes, de Veja, é o autor da descoberta e da pergunta: que é que fazia o
chefe da Casa Civil da Presidência, Gilberto Carvalho, numa grande manifestação
contra Sérgio Cabral, aliado do Governo petista? Ele estava lá, sim, e feliz:
veja emhttp://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/
Para facilitar, ache Gilbertinho em 1m07s, 2m20s,
2m24s. Estaria gritando "Fora, Cabral"?
A ordem é repousar
O Congresso Nacional, que não estava em recesso,
continua em recesso após o final do recesso - quer dizer, continua não estando
em recesso, já que não havia recesso, mas trabalhar que é bom fica para a
semana que vem.
Explicando melhor os estranhos hábitos dos nobres
congressistas: por lei, não poderiam entrar em recesso (nome parlamentar das
férias) sem votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Não votaram, logo não
poderiam tirar férias. Então decidiram suspender as sessões deliberativas (e,
com isso, não precisariam temer o desconto das faltas). Não estavam em recesso,
mas estavam. No dia 1º o recesso que não era recesso acabou, mas só 37 dos 513
deputados apareceram (o Senado também tinha pouca gente).
Ou seja, o recesso que não havia, mas havia,
terminou, mas não terminou. Ou, simplificando, o repouso democrático continua
em vigor.
A Transpetro, braço da Petrobras para transporte
de combustíveis, sofre um processo bilionário (o valor exato só será calculado
mais tarde), acusada de usar há anos a tecnologia criada por um empresário
brasileiro sem pagar nada por ela. O empresário é Leo Maniero, presidente da
Transpavi-Codrasa; a acusação esbarra em outras empresas e em ocupantes de
altos cargos no sistema Petrobras.
A história inteira é contada pelo jornalista
Daniel Fraiha em Petronotícias (www.petronoticias.com.br/archives/33374). A Transpetro não se manifestou.
Daqui a pouco o caro leitor deixará de encontrar
no mercado as lâmpadas tradicionais de 150 e 200 watts: já está em vigor a
Portaria 1007, do Governo Federal, que aos poucos vai banir as lâmpadas
incandescentes, que gastam muita eletricidade.
Prepare-se: de agora em diante, cada vez mais, as
opções serão as lâmpadas eletrônicas ou de LED. Ambas são bem mais caras que as
comuns, mas duram mais e gastam menos - a longo prazo, portanto, o custo é
menor. O problema é encontrar lâmpadas de LED. A Osram passou uma lista de
revendedores a este colunista. Nenhum tinha essas lâmpadas; nenhum sabia quando
chegariam.
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