Após liberdade inesperada, preso muda de casa para não apanhar | Blog do Louremar

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Após liberdade inesperada, preso muda de casa para não apanhar

Por: Wilson Lima, do Portal iG 
Evandro Lima, posto em prisão domiciliar. Foto:Wilson Lima/iG


A decretação da prisão domiciliar de onze detentos na cidade de Bacabal, distante 258 quilômetros de São Luis, em virtude da superlotação da carceragem da delegacia municipal, trouxe medo e sentimento de impunidade para a população da cidade. Alguns moradores já tentaram fazer justiça com as próprias mãos e as autoridades locais admitem que não têm total controle sobre o cumprimento, à risca, dessa progressão de regime.

No bairro Nova Trizidela, o aposentado Pedro Messias, de 61 anos, é vizinho de Paulo dos Santos Silva, de 23 anos, um dos beneficiados pela decisão. Paulo Silva cumpria pena por assalto a mão armada e envolvimento com o tráfico de drogas. Na terça-feira, quando Pedro viu Paulo voltando para casa, ele o ameaçou de morte com um facão. O clima de tensão foi tanto que o detento foi obrigado a se mudar para outra região da cidade com medo de ser linchado por Pedro ou por outros moradores. “Tem que ser muito homem para fazer mal a mim. Agora, fico com receio de que aconteça alguma coisa. Sou velho e tenho três filhos pequenos”, disse o aposentado.

“Eu tive uma oportunidade única. Realmente fiquei com medo pelas ameaças e quando tentaram me matar, mas agora já passou. Qualquer coisa é melhor que a carceragem de Bacabal”, assinalou o detento Paulo dos Santos Silva.

O lavrador José Ribamar da Silva também é vizinho de um dos onze presos que foram liberados por decisão da 2ª Vara da Comarca de Bacabal. Ele também não consegue esconder o medo. “Essas pessoas foram presas e ganharam a liberdade. Isso é revoltante”, disse o lavrador. “Nós conhecemos esses bandidos. Não foi a primeira vez que eles cometeram crimes. Acredito que não será a última, ainda mais com essa ajuda”, assinalou.

Quem vê Paulo Wendell de Oliveira Sousa, de 20 anos, ou Evandro Lima, de 23, conversarem com amigos, vizinhos e familiares nas salas de suas residências não é capaz de imaginar que ambos estão com prisão preventiva decretada pela Justiça pelos crimes de assalto a mão armada e formação de quadrilha.

Com o regime de prisão domiciliar, Wendell voltou a assistir a desenhos animados e ler revistas evangélicas. Evandro Lima agora brinca tranquilamente com sua filha e joga conversa fora com a mãe e amigos. “Minha namorada já veio aqui e meus amigos também. Depois do inferno que passei, isso aqui é um paraíso”, declarou Wendell, que passou pouco mais de um mês na carceragem da delegacia de Bacabal.

Evandro Lima, do outro lado, ainda resigna-se com os motivos pelos quais ele foi preso. Ele alega ser apenas um funcionário da feira de Bacabal e que foi vítima de uma emboscada. “As pessoas não têm medo de mim. Nunca fiz nada. É estranho ficar em casa trancado. Ao menos, tenho minha família ao lado o tempo todo e não preciso revezar em um chão frio para dormir como ocorria na delegacia”, disse ele .


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