"O Avesso do avesso do avesso"
O prefeito paulistano Gilberto Kassab acaba de lançar seu partido e está debaixo de fogo: acusam-no de pensar apenas em seus interesses pessoais, de burlar a Lei de Fidelidade Partidária, de apoiar quem quer que esteja no poder.
O outro lado foi esquecido. Kassab tem ligações políticas com o grupo tucano que segue a liderança de José Serra - e Serra perdeu tanto a eleição como o controle do PSDB paulista. Kassab derrotou Geraldo Alckmin nas eleições para a Prefeitura paulistana - e Alckmin, politicamente frio e impiedoso, não apenas chegou ao Governo paulista como tomou o comando tucano estadual, afastando Serra (e vai cobrar de Kassab a derrota que sofreu). Kassab bateu o PT na eleição para a Prefeitura de São Paulo - e o PT está na Presidência da República.
Ninguém consegue ser prefeito contra o governador e o presidente, que controlam as verbas. Sem apoio tucano, Kassab só tinha uma saída: a saída.
Político competente, Kassab conseguiu, ao deixar o DEM, paralisar todas as demais forças políticas. PSB e PMDB gostariam de absorver o PSD, o partido de Kassab, mas não se sabe se é isso que o PSD pretende de verdade. Kassab promete apoiar Alckmin e Dilma em todos os bons projetos (o que significa apenas que ele estará ao lado do bem e contra o mal - uma posição que, tirando Marco Aurélio Top-Top Garcia, qualquer outro político gostaria de assumir). Em resumo, todos esperam o que fará, para só então se movimentarem.
Kassab vai mal nas avaliações, agora. Mas nunca deve ser subestimado.
O objetivo...
Quando os italianos reclamam de bagunça, é bom prestar atenção. Não se trata apenas de saber quem comanda as operações (deveria ser a OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, embora o Qatar dela não faça parte, mas na prática são os EUA, sendo que França e Inglaterra estão muito mais agressivas, e todos usam bases italianas). A parte mais confusa de tudo é o objetivo da guerra. A resolução da ONU fala em proteção aos civis e proibição dos ataques da aviação governista aos rebeldes; mas a França reconhece os rebeldes como Governo legítimo, a Inglaterra informa que o presidente Kaddafi é um alvo, o que os EUA negam. Obama diz que não quer depor Kaddafi, mas que ele tem que deixar o poder. Cada um desses objetivos exige ações diferentes.
...da guerra
Kaddafi será derrotado militarmente: suas forças são ótimas para matar dissidentes, não para enfrentar Forças Armadas de verdade. Mas pode vencer politicamente, já que a Coalizão não tem idéia do que fazer depois da luta. Entregar o poder aos rebeldes? Tudo bem - mas boa parte dos líderes insurgentes fez parte até há pouco do Governo Kaddafi. Dividir o país entre Tripolitânia e Cirenaica, de novo? A Tripolitânia é a terra das clãs e da tribo de Kaddafi e vai lutar contra a Cirenaica. Ocupar o país, como no Iraque? A guerra não termina quando terminam os tiros. Muitas vezes, é aí que começam os maiores combates.
Vexame nacional
Não, não pode: é importante receber visitas internacionais, mas não se pode permitir que mandem na nossa casa. A segurança do presidente Barack Obama extrapolou: desrespeitou ministros brasileiros, proibiu o prefeito e o governador do Rio de ir ao Cristo Redentor enquanto Obama lá estivesse, coisas que não se fazem. E, ao revistar políticos brasileiros na entrada de um evento, os americanos mostraram que não sabem nada: certos políticos devem ser revistados é na saída.
Insuportável
O presidente Lula passou anos esbravejando, mas não chegou a exigir o afastamento do executivo Roger Agnelli do comando da Vale. O ministro Guido Mantega foi mais longe, e pediu aos acionistas da Vale que afastem Agnelli. Explica-se: Agnelli fez o que pôde para irritar o ministro da Fazenda. Ele com certeza sabe que Guido Mantega não tolera quem é competente.
Tiroteio
Nada que seja preocupante em termos de estabilidade institucional, mas há desafios ao Governo em algumas áreas militares. Os chefes das Forças Armadas já não comemoram o 31 de Março, data do movimento militar que depôs o presidente Goulart. Mas haverá solenidades, sim. No Comando Militar do Nordeste, às 9 da manhã do dia 31, será comemorada "a Revolução Democrática de 31 de março de 1964". Em Brasília, às 9h30, o chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general Augusto Heleno, fala sobre "A Contrarrevolução que salvou o Brasil". Nesta sexta, os presidentes dos clubes Naval, Militar e da Aeronáutica fazem painel, no salão nobre do Clube Militar, no Rio, com palestras do general Sérgio Coutinho, da ex-deputada Sandra Cavalcanti e do advogado Ives Gandra Martins. Tema: "A Revolução de 31 de Março de 1964 com os Olhos no Futuro".
Fica! Fica!
Nota do colunista carioca Aziz Ahmed, do Jornal do Commercio: "Nem nos rincões gaúchos, muito menos no Itamaraty, ninguém entendeu por que o governador Tarso Genro (PT - RS) marcou viagem para o Vietnã".
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