Coluna do Carlos Brickmann | Blog do Louremar

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Coluna do Carlos Brickmann

"Palocci, desprendido e patriota"

O caro leitor não deve imaginar que um repórter tenha acordado de manhã com a idéia de investigar o patrimônio do chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. Digamos que é mais provável que alguma alma caridosa lhe tenha soprado a informação. A questão, portanto, não é apenas descobrir como é que o patrimônio de Sua Excelência teve tão substancial aumento; é também saber quem se beneficia com a publicação da notícia e o enfraquecimento de um ministro forte.

Da oposição, certamente, a notícia não partiu: quem não existe não distribui informação. Uma boa possibilidade é que tenha sido gente do Governo: gente que, embora com cargos pomposos e, imagina a opinião pública, de primeiro escalão, não consegue furar o cerco de Palocci e chegar à presidente da República. No PT e no Ministério, há inúmeros dignitários que têm todos os motivos para torpedear o primeiro-ministro - desculpe, o chefe da Casa Civil. Outra boa possibilidade são os aliados insatisfeitos: políticos que se aliaram ao PT pensando em bons cargos, daqueles que dão emprego e distribuem verbas, e acabaram esquentando os sofás das salas de espera, muito longe das tetas prometidas.

Dá para fazer uma bela lista de nomes ilustres, não é?

E não seria possível encerrar esta nota sem um elogio sincero ao ministro Antônio Palocci, um homem desambicioso e que só pensa no bem-estar da Pátria. Não é auspicioso saber que um político é capaz de trocar uma empresa de consultoria tão bem sucedida e lucrativa pelo trabalho mal-remunerado de ministro?

Fim de caso

A notícia sobre a multiplicação dos bens do ministro Palocci saiu no fim de semana, na segunda o Governo já tinha investigado tudo e resolvido o problema: segundo informaram, "o caso está encerrado". É uma boa idéia: suponha que algum órgão do Governo queira bisbilhotar algum fato pitoresco em sua vida financeira. Basta mandar-lhes um ofício: o caso está encerrado.

Dúvida cruel

A revista Época,comentando o caso Palocci, usou o seguinte título on-line: "Para o Planalto, caso Palocci está encerrado. Falta saber o que a oposição acha". Mas, para saber o que a oposição acha, é preciso primeiro achar a oposição.

O avesso do avesso do avesso

Os dirigentes tucanos com boas ligações na imprensa informam que as múltiplas alas do PSDB, inclusive as lideradas por Aécio, Serra e Alckmin, chegaram a um acordo sobre os rumos do partido.
Traduzindo: limitaram o tamanho dos punhais. Mas não perderão o hábito de cravá-los nas costas uns dos outros.

Os voto é do mano

Marta Suplicy quer ser candidata a prefeita, controla o PT em São Paulo, é aliada do presidente nacional do partido, Rui Falcão. Mas o ex-presidente Lula insiste em outro candidato: o ministro da Educação, Fernando Vaiddad - um nome novo, como Lula o classifica (e que, com o novo livro distribuído por seu Ministério, que ensina que é correto dizer algo como as história mais interessanta foram apagada, ganhou notoriedade).

Lula articula pesado, buscando o apoio de outros caciques petistas, como o ministro Aloízio Mercadante, que seria capaz até de raspar o amado bigode se com isso conseguisse ser candidato. Lula, Marta e Aloízio fazem a mesma análise: com o PSDB se esforçando ao máximo para estilhaçar-se, as próximas eleições são uma chance de ouro para os petistas.

O partido dos punhais

O Talmud, livro judaico de leis, diz que na época do Segundo Templo de Jerusalém os judeus estudavam a Bíblia e respeitavam as leis divinas. Mas o templo foi destruído assim mesmo, porque todos se odiavam. Não havia compaixão e uns falavam mal dos outros. Não lembra um grande partido com nome de ave?

Retrato do Brasil 1

O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, PMDB, ex-governador do Rio Grande do Norte; e o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Alves, foram condenados em primeira instância por improbidade administrativa (pena: suspensão dos direitos políticos por três anos, mais multa). Esta coluna aposta um picolé de chuchu diet como não vai acontecer nada com nenhum dos dois. E por que aconteceria? O ministro do Turismo, Pedro Novais, PMDB do Maranhão, sarneyzista juramentado, deu aquela famosa festa no motel de São Luiz com dinheiro público, e está no Ministério. O Brasil é um país cordial.

Retrato do Brasil 2

O senador José Sarney, PMDB do Amapá, deu um jantar em homenagem ao ministro César Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça. A conta ficou em R$ 23.900,00 - algo como R$ 400 por pessoa. Um bom bufê paulistano cobra R$ 70 por pessoa. Um careiro, talvez R$ 200. A conta foi para o Tesouro. Mas o ótimo portal Contas Abertas publicou a notícia. E ainda mostrou que, como o limite para despesas sem concorrência é de R$ 8 mil, a conta tinha sido dividida em três notas. Publicada a notícia, José Sarney anunciou que a festa tinha sido muito cara e que ele pagaria a conta.

Mas deve estar furioso com a divulgação da história, que o obrigou a gastar o dinheirinho que tanto lhe custou ganhar.

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