Coluna do Carlos Brickmann | Blog do Louremar

domingo, 29 de maio de 2011

Coluna do Carlos Brickmann

"O silêncio é de ouro"

Este colunista se desculpa por ter pedido às autoridades que se manifestassem sobre o caso Palocci. Calar-se na hora certa e pelos motivos certos é uma arte. Suas Excelências sabiam o que faziam. Quando falaram, que tristeza!

A presidente Dilma Rousseff levou onze dias para, digamos, defender seu ministro - e tinha de defendê-lo ou demiti-lo. Usou suas palavras para protestar contra "a politização" do caso. A presidente é política, o ministro é político, e convenhamos que ninguém iria contratá-lo como consultor, ao valorizado preço de um ex-ministro, se não pudesse indicar o caminho das pedras na política.

O ministro Guido Mantega também se dispôs a, digamos, defender seu colega de Ministério e adversário interno. E que fez? Confirmou tudo, ao acusar a Prefeitura paulista de liberar informações sobre os negócios de Palocci. Ou seja, havia os negócios, havia as informações. Há quem pense que Mantega foi cruel: deu um abraço no adversário para sufocá-lo. Mas Mantega não é tão requintado.

Walter Torre, o empreiteiro que contratou Palocci e que doou uma boa quantia à candidatura Dilma, por coincidência logo antes de receber sem a demora habitual uma vultosa devolução do Imposto de Renda, também se manifestou em, digamos, apoio a seu antigo consultor: "Não falo com ele há seis, sete meses. A última vez foi em 2010. Aposto nessa porcaria de País".

Lembra um pouco a Rainha Louca, de Alice no País das Maravilhas. Só que aqui no Brasil a Rainha Muda gritou: "Não lhe cortem a cabeça!"

Recordando Lincoln

O presidente americano Abraham Lincoln (que de certa forma teve carreira política semelhante à de Lula: foi lenhador e chegou à Presidência da República, embora passando antes pela Faculdade de Direito e tendo sido bom advogado) foi um criador de grandes frases. Uma delas: "É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida".

Zorra total 1

O caso Palocci tornou públicos alguns fatos interessantes do Governo:

1 - Os ministros da área econômica são ligados a Dilma e gostariam de ver Palocci ganhando muito como consultor e morando feliz em Ribeirão Preto;

2 - Palocci é ligado a Lula e o acesso a Dilma passa por ele, seja quem for (e de que partido for) que queira chegar a ela;

3 - O grupo de José Dirceu, duro adversário de Palocci, controla o PT, por intermédio do presidente do partido, Rui Falcão. Dilma não gosta de Falcão.

4 - Dilma gosta de Lula que gosta de Dilma que não gosta de Falcão que não gosta de Palocci que gosta de Lula que gosta de Palocci que não gosta de Dirceu.

Parece um dos mais famosos poemas de Carlos Drummond de Andrade.

Zorra total 2

A situação do PSDB, hoje, é a seguinte: Serra detesta Aécio que não gosta de Alckmin que não gosta de Serra que não gosta de Sérgio Guerra que não gosta de Alckmin que não gosta de Aécio que não gosta de Serra que não gosta de ninguém - muito menos de Tasso Jereissati, que também não gosta dele.

Todos gostariam de ganhar as eleições apesar desse relacionamento, e de dar maçãs aos companheiros e aliados, para que pareçam mais bonitos na assadeira.

Geléia geral

Quem tem dois presidentes não tem nenhum. Dilma não queria receber Rui Falcão, e o fez a pedido de Lula. Dilma não recebeu os partidos. Mas, depois que os dirigentes se queixaram a Lula, os senadores do PT foram recebidos pela presidente. Os do PMDB almoçam com Dilma na quarta. Na quinta, os do PTB.

O caso mais curioso sobre a confusão brasiliense é o de Luiz Azevedo, que foi subchefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (e caiu por divulgar publicamente uma nota que deveria ser interna, lembrando que ministros de outros Governos tiveram bons rendimentos com consultorias). Azevedo anunciou, na carta de demissão, que assumiria a superintendência da Finep, Financiadora de Estudos e Projetos, em Brasília.

Mas alguém esqueceu de avisar os russos: o presidente da Finep, Glauco Arbix, em nota oficial divulgada pelo portal Contas Abertas, diz que Azevedo nem foi convidado para o cargo.

Mamãe, ói eu na TV!

Antônio Marcos Pimenta Neves, condenado pelo assassínio de sua ex-namorada Sandra Gomide, já estava com a mala pronta para ser levado à prisão. Estava tranquilo, a ponto de não se incomodar com a falta da ordem escrita. Prisão sem problemas: um agente seria suficiente. Mas, como certamente haveria TV no local, apareceram quatro delegados e 30 policiais.

Imagem é tudo.

Hermano camarada

O venezuelano Hugo Chávez quis associar-se a uma refinaria da Petrobras em Pernambuco (até indicou a cidade de Abreu e Lima, cujo nome homenageia o general brasileiro que lutou ao lado de Bolívar). Os anos se passaram, a refinaria está quase pronta, e a Venezuela não pôs a mão no bolso. Conta Aziz Ahmed, do Jornal do Commercio do Rio, que a coisa não parou por aí: Chávez encomendou dez navios ao estaleiro Eisa, em 2006. Só pagou parte das prestações de um.

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