Coluna do Carlos Brickmann | Blog do Louremar

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Coluna do Carlos Brickmann

“O escorpião é uma ave”

Se o caro leitor encontrar os aliados tucanos Serra e Aécio abraçados, tente separá-los antes que um apunhale as costas do outro. Se o governador paulista Geraldo Alckmin disser que adora o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, seu aliado, acredite. Escolherá para ele um lindo punhal esculpido em prata maciça.

Marta gosta de Mercadante porque o considera um adversário fácil de vencer. Ambos gostam tanto de Suplicy que até simulam prestar atenção no que ele diz. Os três apreciam o ministro José Eduardo Cardozo, com rodelas de limão e maçã na boca. Os petistas se odeiam - mas a raiva dos tucanos uns pelos outros é maior. Não é briga de foice porque tucano sabe o que é foice só pelos livros.

A guerra aliada é cada vez mais perceptível. Em São Paulo, Alckmin estimula um candidato a prefeito em outro partido - seu amigo Gabriel Chalita, hoje no PMDB - só para tentar enfraquecer o preferido de Kassab à sucessão, seja quem for. Chalita pode também ser o Plano B do governador: se o candidato do PSDB não tiver musculatura eleitoral, Alckmin coloca o partido na comitiva do PMDB.

Aécio detesta Serra, mas não é aliado de Alckmin, que também não gosta de Serra: ambos disputam a mesma posição, a candidatura tucana à Presidência. Podem unir-se por instantes para derrubar Serra, que também quer se candidatar de novo (até aprender!), mas em seguida apontarão a garrucha um para o outro.

Por incrível que pareça, só um nome conseguirá unir os aliados em São Paulo: José Serra. Dá para imaginar apaziguador mais improvável?

Ele vai, eu fico

Detalhe das incompatibilidades aliadas: o governador Alckmin não foi à abertura do Salão Nacional do Turismo em São Paulo - uma indelicadeza, no mínimo, já que lá estavam governadores de outros Estados. É que Kassab foi.

Chávez cá

O convite ao presidente venezuelano Hugo Chávez para se tratar de câncer no Brasil, aceito por ele, levanta uma dúvida interessante: quem vai pagar a conta? O Hospital Sírio-Libanês, que costuma atender aos integrantes do Governo Federal, dispõe de tecnologia avançada e cobra preços compatíveis com isso.

1 - Se a conta será paga por Chávez (ou pelo Governo venezuelano), não haveria necessidade de convite: ele vem, é examinado, faz o tratamento e pronto. O Governo brasileiro, por questões diplomáticas, seria informado. Pronto.

2 - Se a conta será paga pelo Brasil, surge outra questão: com tantas reclamações sobre falta de recursos para a Saúde, será justo drená-los para atender a um governante estrangeiro - que, ainda por cima, dirige um país rico em petróleo?

3 - O então presidente Lula, aliado da presidente Dilma, disse em certa ocasião que o sistema brasileiro de saúde pública estava perto da perfeição. Não seria o caso, então, de colocá-lo à disposição do ilustre presidente venezuelano?

Definição definitiva

Guilherme Fiúza, em Época: "Todos os bombeiros do governo estão correndo para tentar apagar o incêndio no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Não é preciso muita água - basta molhar as mãos do PR."

O pior é que, quanto mais se verifica, mais se encontram mãos molhadas. Pois não é que Ana Paula Araújo, mulher do diretor-executivo do DNIT, faturou com sua empreiteira R$ 18 milhões em obras vinculadas a convênios com o DNIT?

Mas que fazer, se a presidente Dilma diz que tem carinho especial pelo PR?

Lembranças inconvenientes

Dilma deve mesmo ter carinho especial pelo PR. Pois, nessa confusão toda, o partido ficou no Governo mesmo não se ouvindo uma voz sequer a desmentir as denúncias e o superfaturamento, a criticar a injustiça das demissões. E, se o diretor Pagot foi colocado no DNIT por indicação do senador Blairo Maggi, seu antigo protetor, por que Maggi foi sondado para ser ministro?

Fala-se em demitir o subordinado (se é que ainda não vão dar um jeito) e convida-se o chefe dele?

Insegurança pública

Essa história de que a segurança pública melhorou em São Paulo deve ser avaliada com as devidas reservas. Se um cavalheiro é encontrado vivo com 18 tiros nas costas e morre dez minutos depois, o crime não entra nos índices de homicídio, e sim de "morte a esclarecer". Uma chacina com 25 vítimas é computada como homicídio - um homicídio. E outros tipos de crime surgiram: arrastões em restaurantes, explosão de caixas eletrônicos, tudo coisa nova. Até a PM, quando age, é um perigo: outro dia se montou uma operação daquelas de filme, com perseguição de automóvel, para prender dois bandidos. Mas no filme nunca dá errado.

Na vida real, o acidente causado pela perseguição matou duas irmãs.

Morreu, esqueça-se

Outro dia, tentando impedir um assalto, o policial civil Paulo Rudella tomou um tiro na cabeça, em Mogi das Cruzes, pertinho de São Paulo. Foi para o SUS. Nenhuma autoridade se moveu para levá-lo a um hospital de ponta. Não foram visitá-lo nem para verificar o atendimento. Rudella morreu dois dias depois.

Os príncipes

Que casamento estranho! Juntou-se a falta de fome à vontade de não comer.

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