O jornalista Luis Cardoso havia marcado um encontro com Décio. Ele conta os detalhes da noite, os detalhes do crime e deixa uma pergunta: quem será a próxima vítima?
Do: blog do Luis Cardoso
Décio Sá Foto: Louremar Fernandes |
Décio, com quem conversei por volta das 21h10 de ontem estava na
redação do Jornal O Estado do Maranhão, local onde também exercia a sua
abraçada profissão de jornalista. Um dos melhores do Maranhão no quesito
de reportagens investigativas.
Combinei com ele de nos encontrarmos em um restaurante que, é
meu predileto para um jantar regado a uma cerveja gelada. Ele concordou e
marcou para depois das 22h. Fiquei um bom tempo do lado de fora do salão climatizado devido a
minha condição de fumante. Depois foram chegando alguns amigos e eu alí,
esperando o Décio, meu amigo.
Por volta das 22h40, eu e minha mulher saímos. Mal ela ligou o carro,
a notícia trágica. Era o deputado estadual Tatá Milhomem me informando
que apurasse um atentado sofrido pelo Décio Sá, na Litorânea.
Imediatamente liguei para o celular dele. Chamava que caia. Então,
Fábio Câmara, amigo pessoal de Décio e seu pré-candidato a vereador por
São Luís, chorando ao telefone, me informava da morte do jornalista.
Em seguida, quando já me deslocava para o Estrela do Mar, o
vice-prefeito de Barra do Corda, Aristides Milhomem, me ligou para dizer
que estava ao telefone com Décio Sá quando ouviu alguns estampidos de
tiros. Chamou por Décio e nada ouviu.
Enquanro eu aguardava meu amigo, ele foi ao encontro de Câmara comer
aquilo que mais gostava: caranguejada no Estrela do Mar. O que seria a
sua última refeição. E acabou nem sendo. Assim que chegou ao local, foi até ao banheiro e quando voltou sentou para tomar o primeiro copo de cerveja. Não deu tempo.
Um pistoleiro de aluguel entrou no bar e bem perto atirou no
jornalista, sendo dois tiros na região da gargante e um na cabeça. Uma
crueldade. O frio assassino, o perverso pistoleiro ainda olhou para um garçom e
ameaçou: “O que você faz me olhando?”, pulando para cima da moto e se
evadindo.
Chegamos ao local quando havia uma viatura e poucas pessoas abismadas
com o ocorrido. Depois foram chegando os amigos e uma legião de fãs e
admiradores do seu blog.
Mas uma certeza penetrava na mente de cada um dos indignados: é um
crime de encomenda, uma execução para fazer calar a voz de um jornalista
destemido. Um jovem profissional de coragem.
Isso demonstra claramente que os crimes de pistolagem e de encomendas
voltaram ao nosso convívio em pleno século 21. Matam jornalistas como
se fosse um coisa comum.
Revoltado, deixei o local depois que o rebecão levou o corpo de Décio
Sá, mas não a sua voz, sua inquietação, sua indignação, com uma
indagação: quem será o próximo jornalista?
Fico indignada ao vivenciar em pleno século XXI uma tragédia dessa. E o que o Justiça vai fazer diante disso??? Vai se calar mais uma vez?
ResponderExcluirTem muito "podre" ainda a ser descoberto. Espero que os blogueiros não se calem diante disso.