Detalhes dos últimos momentos de vida do jornalista Décio Sá | Blog do Louremar

terça-feira, 24 de abril de 2012

Detalhes dos últimos momentos de vida do jornalista Décio Sá

O jornalista Luis Cardoso havia marcado um encontro com Décio. Ele conta os detalhes da noite, os detalhes do crime e deixa uma pergunta: quem será a próxima vítima?

Do: blog do Luis Cardoso

     Décio Sá     Foto: Louremar Fernandes
Garçons do bar e restaurante Estrela do Mar, na avenida Litorânea, local onde foi executado o jornalista e blogueiro Décio Sá, repassaram aos policiais o número de uma das placas de uma duas motos usados na execução do profissional destemido.

Décio, com quem conversei por volta das 21h10 de ontem estava na redação do Jornal O Estado do Maranhão, local onde também exercia a sua abraçada profissão de jornalista. Um dos melhores do Maranhão no quesito de reportagens investigativas.

Combinei com ele de nos encontrarmos em um restaurante que, é meu predileto para um jantar regado a uma cerveja gelada. Ele concordou e marcou para depois das 22h. Fiquei um bom tempo do lado de fora do salão climatizado devido a minha condição de fumante. Depois foram chegando alguns amigos e eu alí, esperando o Décio, meu amigo.

Por volta das 22h40, eu e minha mulher saímos. Mal ela ligou o carro, a notícia trágica. Era o deputado estadual Tatá Milhomem me informando que apurasse um atentado sofrido pelo Décio Sá, na Litorânea.
Imediatamente liguei para o celular dele. Chamava que caia. Então, Fábio Câmara, amigo pessoal de Décio e seu pré-candidato a vereador por São Luís, chorando ao telefone, me informava da morte do jornalista.

Em seguida, quando já me deslocava para o Estrela do Mar, o vice-prefeito de Barra do Corda, Aristides Milhomem, me ligou para dizer que estava ao telefone com Décio Sá quando ouviu alguns estampidos de tiros. Chamou por Décio e nada ouviu.

Enquanro eu aguardava meu amigo, ele foi ao encontro de Câmara comer aquilo que mais gostava: caranguejada no Estrela do Mar. O que seria a sua última refeição. E acabou nem sendo. Assim que chegou ao local, foi até ao banheiro e quando voltou sentou para tomar o primeiro copo de cerveja. Não deu tempo.

Um pistoleiro de aluguel entrou no bar e bem perto atirou no jornalista, sendo dois tiros na região da gargante e um na cabeça. Uma crueldade. O frio assassino, o perverso pistoleiro ainda olhou para um garçom e ameaçou: “O que você faz me olhando?”, pulando para cima da moto e se evadindo.

Chegamos ao local quando havia uma viatura e poucas pessoas abismadas com o ocorrido. Depois foram chegando os amigos e uma legião de fãs e admiradores do seu blog.

Mas uma certeza penetrava na mente de cada um dos indignados: é um crime de encomenda, uma execução para fazer calar a voz de um jornalista destemido. Um jovem profissional de coragem.

Isso demonstra claramente que os crimes de pistolagem e de encomendas voltaram ao nosso convívio em pleno século 21. Matam jornalistas como se fosse um coisa comum.

Revoltado, deixei o local depois que o rebecão levou o corpo de Décio Sá, mas não a sua voz, sua inquietação, sua indignação, com uma indagação: quem será o próximo jornalista?

Um comentário:

  1. Fico indignada ao vivenciar em pleno século XXI uma tragédia dessa. E o que o Justiça vai fazer diante disso??? Vai se calar mais uma vez?
    Tem muito "podre" ainda a ser descoberto. Espero que os blogueiros não se calem diante disso.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário, fique à vontade para criticar e sugerior. Denúncias podem ser enviadas para louremar@bol.com.br ou louremar@msn.com