O Ministério
Público Federal no Maranhão (MPF/MA) e a Defensoria Pública da União (DPU) encaminharam representação ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
requerendo o ajuizamento de pedido de intervenção federal na administração
penitenciária do estado do Maranhão, perante o Supremo Tribunal Federal (STF),
a fim de assegurar os direitos da pessoa humana, diante da crítica situação em
que se encontra o sistema carcerário do estado.
Na representação,
MPF/MA e DPU destacam a rebelião ocorrida no último dia 09, no Complexo
Penitenciário de Pedrinhas, relatando os fatos ocorridos nas últimas semanas e
divulgados na imprensa nacional e internacional, afirmando que “o Sistema
Penitenciário do Estado do Maranhão entrou em verdadeiro colapso em razão da
inércia da Administração Pública estadual”.
Dentre os fatos
relatados na representação, estão os 38 assassinatos de detentos, só em 2013,
resultantes de rebeliões e motins; oito ônibus incendiados na capital; clima de
pânico espalhado pela cidade, com repartições públicas liberando servidores
mais cedo e ônibus circulando somente até às 19 horas e a tentativa de fuga por
parte de 25 detentos de Pedrinhas, ocorrida no domingo (13 de outubro), dos
quais um conseguiu fugir.
Para o MPF, o
colapso sofrido pelo sistema penitenciário é resultado dos últimos anos. “Há
vários anos, o sistema penitenciário estadual tem funcionado sem condições
mínimas de estrutura e de pessoal, de modo a submeter os presos a todos os
tipos de violações à sua integridade física, psíquica, moral e espiritual”,
afirma o texto encaminhado ao procurador-geral da República.
A representação
destaca ainda que, em agosto de 2013, a Defensoria Pública Estadual e o
Ministério Público Estadual recomendaram ao governo do Maranhão que adotasse
medidas no âmbito da administração penitenciária, tais como: remanejamento de
presos, elaboração de diagnóstico da situação do sistema penitenciário em São
Luís e redistribuição dos detentos. No entanto, nenhuma determinação foi
atendida.
A representação
cita também a recente vinda de um efetivo de 150 integrantes da Força nacional
para São Luís e lista as péssimas condições das unidades prisionais, dentre
elas: estrutura precária das celas; superlotação; qualidade da alimentação;
número insuficiente de agentes penitenciários; falta de colchões para quase
metade da população carcerária, que acaba dormindo no chão; atendimento médico,
odontológico e medicamentoso deficiente ou inexistente; ausência de local
adequado para internar pacientes psiquiátricos; corrupção no sistema
carcerário; extrema violência nas unidades prisionais, com excessivo número de
mortes; elevado número de rebelião e ausência quase que absoluta de atividades
ocupacionais e educacionais.
Na representação,
o MPF e a DPU pedem ao procurador-geral da República que ajuíze representação
interventiva perante o Supremo Tribunal Federal, para que seja reconhecida a
situação de violação de direitos da pessoa humana e adotadas as providências
para a efetivação da intervenção federal no sistema penitenciário do estado.
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