Da: Carta Capital
Há anos, as sauditas são frustradas por promessas não cumpridas de melhora em sua condição. Há seis anos, quando das primeiras eleições municipais no país, o governo prometeu que da próxima vez elas participariam – mas há eleições este ano e não lhes foi permitido registrar-se como eleitoras. Também em 2005, o rei prometeu autorizá-las a dirigir, o que também não aconteceu.
Cansada de esperar, Manal al-Sharif, de 33 anos, saiu com seu carro em maio, o que a rigor não é ilegal, apesar de condenado pelas autoridades religiosas wahabitas. Nenhuma lei civil proíbe explicitamente as mulheres de dirigir. Apenas não lhes são concedidas habilitações – mas ela conseguira uma carteira internacional no exterior.
Mesmo assim, ela foi presa e acusada de -“perturbação social” por postar um vídeo de sua façanha no YouTube. “Apologia ao crime”, como diriam, por aqui, desembargadores paulistas e blogueiros conservadores. Mas, em vez de intimidar, a ação policial indignou as compatriotas. A campanha Women2Drive ganhou corpo no Facebook e convocou mulheres com habilitações internacionais a dirigir na sexta-feira 17 de junho, em protesto contra a proibição, que foi a primeira ação desde novembro de 1990, quando 47 sauditas dirigiram 15 carros por Riyadh antes de serem presas.
A restrição é absurda, pois a modernização criou uma classe média urbana de sauditas profissionalizadas, mas não ricas o bastante para pagar motorista. Poderá essa manifestação à primeira vista tão inócua ser o primeiro sinal de maiores mudanças no país mais conservador do planeta?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário, fique à vontade para criticar e sugerior. Denúncias podem ser enviadas para louremar@bol.com.br ou louremar@msn.com