A bomba que vem de Brasília
Em seu festejado discurso na ONU, a presidente Dilma Rousseff defendeu a utilização da energia nuclear (o Brasil tem projeto de mais quatro usinas).
Nos Estados Unidos, pioneiros da energia atômica, maior potência industrial do mundo, ocorreu um acidente na usina nuclear de Three Miles Island, na Pensilvânia. Não houve explosão, mas a radiatividade em torno da usina era oito vezes superior à dose mortal. A região, até 16 km da usina, estava contaminada.
Na União Soviética, segunda maior potência atômica do mundo, um acidente na usina nuclear de Chernobyl provocou radiação 400 vezes superior à da bomba atômica de Hiroshima. Duzentas mil pessoas tiveram de ser permanentemente removidas e instaladas em outras regiões do país. A nuvem radiativa chegou até a Inglaterra. Vinte e cinco anos depois, os javalis continuavam contaminados até na Alemanha. Como não pode haver caça (sua carne é ainda perigosa) a população de javalis alemães cresceu e provoca problemas de equilíbrio ecológico.
O Japão, potência industrial, famoso pela qualidade de seus produtos, teve o acidente de Fukushima - tão grave quanto o de Chernobyl. Uma área de 20 km de raio em torno da usina foi fechada a todos os que não estivessem trabalhando para evitar que o desastre se agravasse. A Alemanha, de ótima engenharia, desistiu de construir usinas e resolveu desativar as existentes. É perigoso demais.
O Brasil quer quatro novas usinas. Sem problemas: técnicos indicados por Sarney, Temer, Lula e Valdemar Costa Neto tomarão conta de tudo, com concorrências públicas impecáveis. Pois, como reza o ditado, o futuro a Deus pertence.
Complicando
O Brasil tem ainda bom potencial hidrelétrico, praticamente não explora o vento, nem as marés; usa pouco a energia solar, desperdiça gás natural. Mas gasta em usinas nucleares, caras e perigosas. Na época em que os militares queriam brincar de bomba atômica, tinha sua lógica. Hoje, quem ganha com isso?
Ruim e ruim
Reclamava-se do dólar baixo e o Banco Central intervinha no mercado para evitar que a baixa se acentuasse. Reclama-se agora do dólar alto e o Banco Central intervém no mercado para evitar que a alta se acentue.
Quando é que é bom?
A verdade...
A decisão sobre a Comissão da Verdade foi tomada, dentro do banheiro do presidente da Câmara, deputado Marcos Maia, pelo líder do PT, Cândido Vaccarezza, pelo petista José Genoíno, representando o Ministério da Defesa, e os ministros petistas Maria do Rosário (Direitos Humanos) e José Eduardo Cardozo (Justiça). Os americanos lutaram muito para impedir os partidos de decidir sigilosamente em "smoke filled rooms" (salas enfumaçadas).
Aqui nem há fumaça.
... deles
Enfim, pode-se dizer que a discussão passou da esfera pública para a privada.
O lobo do homem
Não matarás, diz o Sexto Mandamento. O réu só pode ser condenado, diz a lei americana, se sua culpa estiver comprovada além de qualquer dúvida razoável.
Troy Davis, condenado em 1989 pelo assassínio de um policial, ficou desde então no corredor da morte. E foi executado com injeção letal, nesta quinta-feira, em Jackson, no Estado da Georgia. Vejamos seu caso: sete das nove pessoas que testemunharam contra ele mudaram seus depoimentos; algumas disseram que a Polícia as coagiu. Outra testemunha disse ter ouvido de um homem, cujo testemunho foi importante para a condenação de Davis, a confissão do crime. Pelos próprios princípios jurídicos americanos, havia dúvidas razoáveis sobre a culpa do condenado. Mesmo assim, depois de mais de 20 anos preso, foi executado.
Fumaça nos olhos
O Governo Federal estuda uma compensação à indústria do cigarro pelo anunciado aumento do IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados: a liberação do cigarro em ambientes fechados - maldição de que fomos liberados há pouco tempo. Não se fala em compensar os muitos anos em que os cigarros receberam subsídios do Governo - algo como R$ 12 bilhões ao ano, conforme estudo de 2009 da Trevisan, uma das mais importantes consultorias do país. Que ninguém subestime o poder das multinacionais produtoras de câncer: empresas que escondiam estudos sobre os males do fumo gastam o que for preciso para crescer.
Já não bastam as bebidas alcoólicas com propaganda e venda livres?
Boa idéia
O blog do chinês Daniel Wu foi tirado do ar pelo Governo de Pequim. Seu crime: para mostrar o padrão de vida dos funcionários do regime comunista, passou a fotografá-los de maneira a que seus relógios aparecessem. O ministro das Ferrovias, Shang Guang-zu, que assumiu neste ano, é por enquanto o campeão: já apareceu com um Rolex, um Piaget e um Omega Constellation. Wu está fora do jogo, mas outros blogueiros chineses seguem seu exemplo.
Nós, brasileiros, poderíamos fazer a mesma coisa. E teríamos resultados até melhores: há gente importante com relógios caros, há gente importante com relógios falsificados. Enfiam a mão ou compram produtos pirateados? De qualquer jeito, é crime.
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