Este Brasil lindo e trigueiro
Faz 110 anos que nasceu o grande Ary
Barroso, retratista do Brasil brasileiro, terra do samba e do pandeiro, do
coqueiro que dá coco e de fontes murmurantes. Algumas homenagens de agora do
nosso Brasil que dá o nome à sua Aquarela:
1 -
Tiririca, que tinha prometido desistir da política, resolveu se candidatar à
reeleição. Seus votos ajudam a eleger outros políticos do PR, do mensaleiro
Valdemar Costa Neto, e rendem ao partido, cada um, R$ 3,75, de dinheiro
público. Seu slogan é "Sem Tiririca, Brasília mica". Tiririca, na
última eleição, disse que não sabia o que um deputado federal faz. Hoje ele
sabe. Parece que gostou.
2 -
Lembra de Eduardo Gaievski, assessor da ministra Gleisi Hoffmann, indicado para
coordenar sua candidatura pelo PT ao Governo do Paraná e preso pela acusação de
pagar crianças para fazer sexo? Há mais casos estranhos. Gleisi, quando
senadora, nomeou Gláudio Renato de Lima, PT, para assistente parlamentar.
Quando virou ministra, seu sucessor, Sérgio Souza, PMDB, o recebeu como herança
e o mantém até hoje no Senado - embora Gláudio tenha sido condenado em dois
processos pela Justiça do Paraná, um por improbidade administrativa, outro por
formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e concussão. Pedofilia, ladroeira -
que dedo tem a ministra-candidata para escolher assessores!
3 -
Nerigleikson Paiva de Melo, assessor de Renan Calheiros, acusado de comprar
votos, foi demitido do Senado. Quem não tem padrinho morre pagão.
Dos olhos claros de cristal
Há Ary; e há Sílvio Caldas, que celebrou a
loirinha, a rainha de seu Carnaval. A folia da rainha vem até hoje: Marli
Brambilla e Jaime Dutra Coelho, da cooperativa Coana, de Querência do Norte,
Paraná, foram presos, acusados de desviar o dinheiro público destinado à compra
de alimentos para creches, escolas e hospitais. Os documentos apreendidos se
referem à negociação de repasses da estatal Conab, Cia. Nacional de
Abastecimento, com a então senadora Gleisi Hoffmann, hoje ministra, e o
deputado federal Zeca Dirceu, ambos do PT paranaense.
Que dedo tem a senadora que virou ministra para
escolher interlocutores!
Cada vez aumenta mais
Ary, Silvio Caldas. E Ricardo Frazão, que criou O Cordão dos
Puxa-Sacos, marchinha tão brasileira, sucesso há quase 70
anos. Pois a sra. Luiza Barros elogiou fortemente um discurso da presidente
Dilma Rousseff contra o racismo institucional. "Foi um marco no
desenvolvimento do país", disse Luiza Barros.
Quem é Luiza Barros, tão pródiga em elogios a
Dilma? É ministra de Dilma.
Me dá um dinheiro aí
Ary, Sílvio Caldas, Frazão. E Homero Ferreira, que
compôs o hino dos governantes brasileiros:Me dá um dinheiro
aí, sucesso com Moacyr Franco em 1960. Sucesso até
na São Paulo de Fernando Haddad, prefeito que nunca deve ter ouvido falar de um
artista popular como Moacyr Franco.
Haddad, com apoio de certos vereadores,
multiplicou brutalmente o IPTU. O Ministério Público obteve liminar na Justiça
contra a escorcha. Haddad deu uma de joão-sem-braço: disse que não tinha sido
notificado e publicou o aumento no Diário Oficial. Falhou: a Justiça anulou a publicação. O
prefeito Maldadd vai ter de negociar de novo com os vereadores.
Nem é Carnaval, mas ainda vai ouvir muito essa
marchinha.
Deixa o barco correr
E, claro, ao lado de todos, entre os melhores,
Chico Buarque. A Confederação Nacional dos Transportes divulgou sua pesquisa
mensal e estão todos festejando: os governistas porque Dilma continua
favoritíssima nas eleições do ano que vem e, no segundo turno, venceria
qualquer dos adversários; os oposicionistas porque a avaliação do Governo Dilma
caiu de 79 para 39% em seis meses, e porque só 8% dão a sua administração o
nível de "ótima" (os tucanos perderam a Presidência quando o índice
de "ótimo" de Fernando Henrique era de 23%).
Todos têm motivo para festejar, mas ninguém
deveria estar festejando. Falta quase um ano para as eleições e, como ensina
Chico Buarque, "deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia
raiar". Hoje, as pesquisas são como cada um quiser, bastando lê-las
conforme a vontade do freguês. Há coisas boas para o Governo - como a vantagem
de Dilma no primeiro turno e sua capacidade de derrotar qualquer adversário no
segundo; mas a avaliação de Dilma estacionou de um mês para outro, tendo
passado de 38 para 39%. A oposição gosta do pequeno índice de
"ótimo", mas a rejeição a Dilma caiu bem, para 36,5%.
E há a economia: se for bem, Dilma vai bem. Se for
mal, Dilma irá mal.
O Pintinho Piu
A lista iniciada por Ary Barroso termina aqui com
Erisvaldo da Silva e uma música ingênua, grudenta, O Pintinho Piu. Essa história de pinto falar nunca deu muito certo. Pois
nesta semana a Polícia estourou em Cotia, SP, um escritório que cuidava da
contabilidade do PCC, o crime organizado. As ordens para os contadores saíam da
Penitenciária de Presidente Venceslau, "de segurança máxima".
Mas é esquisito: o secretário da Segurança
Ferreira Pinto, que deixou o cargo há pouco tempo e está hoje na Fiesp,
assegurou que o crime organizado tinha sido desmantelado. E, quando o pintinho
pia, quem não há de calar-se?
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