A volta do cipó de aroeira
Dilma joga duro: nega cargos exigidos pelo PMDB, exige que o PMDB indique, para os postos que recebe, gente competente e até mesmo honesta, interfere mesmo dentro do partido, privilegiando Sarney contra Eduardo Cunha.
Novidade? Não: quando assumiu seu primeiro mandato, o presidente Lula duelou com o PMDB, mandou seu principal assessor, José Dirceu, prometer tudo, e depois não cumpriu nada. Cansou de promover acordos, e fez exatamente o que queria, deixando o PMDB ao sol e ao sereno, sem os chapéus públicos que pedia.
Resultado: o Governo parou. E, para que a base parlamentar funcionasse, surgiu o Mensalão, o grande escândalo que, se houvesse oposição neste país, feriria seriamente os projetos presidenciais. Mesmo sem oposição, o Mensalão derrubou gente importante do Governo e até hoje incomoda, com a possibilidade de que o caso seja algum dia julgado no Supremo Tribunal Federal.
Não se pode esquecer a História, sob pena de sermos condenados a repeti-la. Não podemos esquecer que o PMDB não se mantém como um dos maiores partidos do Brasil por sua ideologia, por sua contribuição atual ao desenvolvimento do país, por seu apego aos princípios éticos que, há muitos e muitos anos, o inspiraram. O PMDB é um partido coerente, que sabe o que quer (e isso nada tem a ver com instituições); o PMDB é um partido de profissionais, que conhecem o jogo e são exímios ao jogá-lo. No partido, há quem reclame, mas esses não têm importância. Duro é enfrentar os que ficam quietos e esperam a hora de revidar.
Mas a festa continua
Um grupo de deputados federais do PMDB decidiu resgatar as raízes do partido e criar um movimento, a Afirmação Democrática, contra o fisiologismo. Acreditam que a guerra por cargos no Governo Federal desgasta a imagem da legenda. Seu objetivo é lembrar o PMDB autêntico, o mais duro na luta parlamentar contra a ditadura. Beleza! Mas é bom lembrar que, entre os mais duros dos autênticos, estavam Jader Barbalho, Marcondes Gadelha (um dos Três Porquinhos - os originais, nada a ver com o grupo do ministro Cardozo - que lançaram a candidatura de Silvio Santos à Presidência, contra o peemedebista Ulysses Guimarães), Paes de Andrade - que, ao assumir a Presidência da República, por dias, encheu os aviões presidenciais de assessores e amigos e viajou para sua cidade, Mombaça, para que os conterrâneos pudessem vê-lo como presidente.
Esperando você
Entre os criadores do novo PMDB autêntico, estão os deputados Osmar Terra, do Rio Grande do Sul, Edinho Baez, de Santa Catarina, Fábio Trad, do Mato Grosso do Sul, Raul Henry, de Pernambuco. Eles gostariam de atrair senadores como o gaúcho Pedro Simon (que acaba de pedir a multiplicação de aposentadorias), o pernambucano Jarbas Vasconcelos, o catarinense Luiz Henrique e o paranaense Roberto Requião - que nomeou o irmão Eduardo, multado pelo Tribunal de Contas por má gestão, para superintendente do Porto de Paranaguá
Suas noites são de gala
Houve época, acredite, em que existiu oposição. Vale ler o histórico discurso de Affonso Arinos, nas vésperas do suicídio do presidente Getúlio Vargas; ou qualquer discurso de Carlos Lacerda (que sempre era oposicionista, mesmo quando apoiava o Governo). Mais próximos, o grande discurso de Alencar Furtado sobre os desaparecidos políticos - "órfãos do talvez e do quem sabe" - que gerou uma crise na ditadura militar; ou a atitude de Ulysses Guimarães, de enfrentar a Polícia baiana e seus cães ferozes, na campanha presidencial.
Pois é: há a história de Furnas, com dois dirigentes do PMDB disputando cada pedaço, há a história do Banco Panamericano, há a briga aberta, descarada, por cargos no Governo, e aquilo a que se chama "oposição" guerreia para definir quem será seu chefe. Uma pergunta: e para isso que fazem é preciso um chefe?
Você só dá chá dançante
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, se comprometeu a doar um terreno para a Fundação Mário Covas construir um museu. Perfeito, Mário Covas foi padrinho político de Alckmin - e nós com isso? Cadê os terrenos para homenagear Prestes Maia, Franco Montoro, Armando de Salles Oliveira e outros eminentes políticos paulistas? Por que só Covas, e com nosso dinheiro?
As águas vão rolar
Tem dia que não é o dia. Anteontem de manhã, com o incêndio na Cidade do Samba ainda fresco na memória, surge o texto do ex-prefeito carioca César Maia, sob o título Rio Urbe, a Prevenção de Incêndios e a Cidade do Samba:
"O sistema de reaproveitamento de águas de chuva, outra novidade do projeto, é composto por dois reservatórios com capacidade para 300 mil litros cada e fornece água para limpeza interna e externa e para o sistema de combate a incêndio, outra grande preocupação na concepção do projeto. O sistema de combate a incêndio também inclui mais de 7 mil sprinklers distribuídos em todos os barracões. Os perfis metálicos das estruturas dos prédios possuem uma proteção especial antifogo, garantindo ainda mais segurança na confecção dos materiais."
Faltou sorte: ele escreveu antes do incêndio e todo mundo leu depois.
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