Mamãe eu quero
Por que o caro leitor não pode ser proprietário de uma das
maiores empreiteiras do Brasil? Porque não quer: uma empreiteira como a Delta,
que embora corra o risco de perder algumas obras é ainda a executora de
serviços milionários, com R$ 4 bilhões de faturamento anual, 30 mil empregados
e 197 contratos, custa exatamente Zero reais e Zero centavos. Em algarismos, R$
0,00.
Está no informe publicitário divulgado na quinta
pela J&F Participações S/A, dona do frigorífico JBS Friboi: a empresa
comunica que assume amanhã, segunda-feira, o controle da Delta Construções, com
o direito de substituir quem quiser, inclusive presidente e diretores; a KPMG,
multinacional de auditoria e consultoria, fará uma diligência para fixar o
valor que a J&F pagará pela Delta. E este valor será pago com os recursos
provenientes dos dividendos futuros da própria Delta. "Não haverá
necessidade de utilização de recursos próprios ou de terceiros para financiar a
operação", diz o comunicado que anuncia a compra.
Uma empresa enorme, uma das maiores do setor, e
não se gasta um centavo para comprá-la. Nada de recursos próprios, nada de
recursos de terceiros - nem mesmo do BNDES, sempre pronto a auxiliar com seu
dinheiro (ou nosso dinheiro, se o caro leitor assim o preferir) o
desenvolvimento dos negócios da J&F.
Não se pode falar em negócio de pai pra filho.
Hoje é Dia das Mães - e quanta gente quer mamar! Este colunista informa que não
tem interesse na Delta: quer comprar, nas mesmas condições, a General Motors.
Será que vendem?
Em forno fechado
A CPMI do Cachoeira e de todos os seus afluentes
guardou os documentos numa sala secreta, embora até as belíssimas gatas
viralatas que vivem neste escritório já tenham tomado conhecimento de dezenas
de gigabytes. Os depoimentos são sigilosos, embora tenham sido divulgados em
várias línguas assim que se encerraram.
Mas, como disse no século 14 o rei inglês Eduardo
3º, maldito seja quem pensar o mal. Os documentos estão guardados numa sala
secreta e os depoimentos são sigilosos porque há coisas que as crianças não
devem ver.
O ícone
Pergunta do jornalista Sandro Vaia: que esperar de
uma CPI secreta onde a referência moral é Fernando Collor? Por favor, caro
leitor, não responda: esta coluna é publicada em jornais de família e certas
palavras não são admitidas.
Solidários para sempre
Comovente a solidariedade de um deputado, Protógenes
Queiroz, do PCdoB paulista, a um senador, Fernando Collor, do PTB alagoano.
Mesmo no tenso ambiente de uma CPMI, é possível defender seus pares, nem que
para isso seja preciso criticar a imprensa. A frase de Protógenes saiu na Folha de S.Paulo: "Presidente, não foi só Vossa Excelência que foi
injustiçado. Eu também fui".
Abre as asas sobre nós
O caro leitor gostaria de ver julgados os
suspeitos de corrupção? Esqueça. Lauro Jardim
(http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line) publica a seguinte história:
"Deflagrada em 2004, a operação Gafanhoto da Polícia Federal é um exemplo
claro de como a morosidade da Justiça e os inúmeros recursos existentes podem
salvar a pele de quem rouba o dinheiro público.
Então governador de Roraima, Flamarion Portela foi
denunciado pelo desvio de 70 milhões de reais do Estado. Seu caso chegou ao STJ
ainda em 2004. Flamarion perdeu o mandato no ano seguinte e começou uma briga
sobre quem deveria julgá-lo. O STJ queria mandar o caso para a primeira
instância, Flamarion tentou manter seu processo na Corte Superior. Essa briga
se arrastou até maio de 2010, quando finalmente o STJ enviou o caso para a
instância inferior. Só que, nesses seis anos que ficou no STJ, o crime
prescreveu sem nem mesmo haver julgamento sobre o aceite ou não da denúncia.
Mais dois anos se passaram e o que começou em 2004 acabou na segunda-feira
passada, dia sete. A Justiça Federal arquivou o caso e Portela pode seguir
tranquilo em seu atual mandato como deputado estadual em Roraima".
Promessa jurada
Uma assídua leitora desta coluna, que acredita no
Governo, tirou um extrato de conta num banco oficial para festejar a redução
dos juros.
Surpreendeu-se: os juros continuavam em 8% ao mês
no cheque especial e em 13% no cartão de crédito. Reclamou com o gerente e
soube que, para conseguir juros mais baixos, deveria se cadastrar no "Bom
para Todos" - pagando R$ 58 mensais. E o cliente só sabe de quanto são os
juros no próprio mês, pois serão calculados pela equipe do banco. Este
colunista adoraria receber um desmentido informando o procedimento correto:
assim a leitora descobriria o caminho das pedras para economizar.
Os insaciáveis
Não culpe só o governador fluminense Sérgio Cabral
e sua turma de guardanapos na cabeça: o dinheiro do contribuinte do Rio tem
mais caminhos para esvair-se. A Assembléia fluminense acaba de criar mais um
emprego, de assessor especial da Presidência da Mesa, que será ocupado por
Pedro Lino da Câmara e Souza, sócio de Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral.
Um bonito exemplo de auxílio fraterno.
A Assembléia do Rio tem 4 mil empregados - recorde
nacional.
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