Editorial do jornal O Estado de São Paulo
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitWOZ2zS0C3yPEpIND0gQQSBxmN7zs5lzAvthHh_xdu5VY-OLsEkEQX5ytKfxYggfobjn9s-F1HHHW8lEbLSFWwA68OPU1CoOCrBisWtBCkJiWlgyHXulZR-VKjz1qaO_aMJufdmnmBLk/s1600/DONADON-DE-JOELHOS-Sergio-Lima-O-Globo-440x336.jpg)
É ainda pior do que diz o ministro Luís Roberto Barroso,
do Supremo Tribunal Federal (STF), dos costumes políticos brasileiros. "O
povo saiu das ruas e já não se fala em mudanças", comentou, desacorçoado,
na sessão da quarta-feira, quando a Corte examinava mais três recursos pela
redução das penas de réus do mensalão. É pior porque, enquanto as mudanças se
esfumam, os horrores éticos se escarrapacham, desenvoltos, no Congresso. Ao
fazer a sua desalentada constatação, Barroso decerto nem supunha que, horas depois,
a Câmara perpetraria a enormidade de manter o mandato do deputado Natan
Donadon, eleito pelo PMDB de Rondônia.
Em 2010, numa decisão sem precedentes, o Supremo condenou o parlamentar a 13 anos, 4 meses e 10 dias de prisão em regime fechado, além de multa, por peculato (crime praticado por servidor público contra a administração) e formação de quadrilha. Em junho passado, a Corte deu um basta aos intermináveis recursos protelatórios com que os seus advogados pretendiam impedir a consumação do castigo imposto ao cliente e determinou a remoção do político para o Presídio da Papuda, no Distrito Federal. Dali ele saiu algemado anteontem à noite para defender o seu mandato, entre lágrimas e invocações do nome de Deus. Antes de começar o espantoso espetáculo, a sua cassação era dada como certa pelos mais experientes membros da Casa.
Pelo visto eles não levaram na devida conta a ilimitada
prontidão do chamado baixo clero para degradar o Legislativo federal, nem a
solidariedade de seus colegas evangélicos, nem o frio cálculo de conveniências
da bancada petista. Graças a essa aliança tácita - e às regras previstas para
esse tipo de decisão - Donadon pôde tomar o camburão de volta para a cadeia, de
novo algemado, mas levando consigo o mandato que, imagine-se como, conquistou
no seu Estado. O regimento da Câmara determina que a cassação precisa ser
aprovada por 257 deputados (metade mais 1 do total), em votação secreta.
Donadon se safou porque faltaram 24 votos para removê-lo. Ele teve o apoio de
131 de seus pares, mas a sua tábua de salvação foram as 41 abstenções, 21 delas
da bancada do PT.
Os petistas quiseram criar um precedente para evitar a
cassação dos companheiros mensaleiros José Genoino e João Paulo Cunha, além de
seus cúmplices Pedro Henry, do PP, e Valdemar Costa Neto, do PR. Exceto Cunha,
os demais deverão cumprir pena em regime semiaberto. Mas o sucesso da manobra
parece duvidoso. É fato que o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves,
mandou convocar o primeiro suplente de Donadon, Amir Lando, para ocupar a sua
cadeira, argumentando que, mesmo em posse do mandato, o condenado não teria
como exercê-lo fisicamente. Já Costa Neto, Genoino e Henry poderiam ser
deputados de dia e reclusos de noite - o cúmulo do surrealismo.
Só que isso talvez não se concretize, porque Henrique Alves,
tendo segurado o início da fatídica sessão por quase cinco horas e mantido
aberto o painel de votação por mais de duas horas - na esperança de que outros
deputados aparecessem em plenário para salvar, literalmente, a honra da Casa -,
tomou a melhor decisão possível nas circunstâncias. Com o poder que a função
lhe concede, comunicou que só voltará a permitir que novos casos do gênero
entrem na pauta de deliberações depois da aprovação da emenda constitucional
que prevê o fim do voto secreto em processos de cassação. O próprio escândalo
do mandato de Donadon poderá apressar o trâmite da proposta moralizadora.
De todo modo, a prerrogativa do Congresso de preservar ou não
os mandatos de políticos condenados foi assegurada pelo STF no recente
julgamento do senador Ivo Cassol, também de Rondônia, sentenciado a 4 anos, 8
meses e 26 dias por fraudar licitações quando prefeito de Rolim Moura. A
decisão de entregar o seu destino político aos seus pares contrariou a posição
tomada no caso dos políticos mensaleiros. Destes se pode dizer, caridosamente,
que cometeram crimes na esfera política. Mas Donadon é um criminoso que só se
diferencia de tantos outros porque tungava o Legislativo estadual de que era
diretor financeiro. Os seus protetores na Câmara rivalizam com ele em estatura
Os deputados federias agora têm uma importante representatividade: O PRESÍDIO DA PAPUDA................Aliás, lá agora é um anexo da Câmara, com um ASSESSOR ESPECIAL : Donadon..........Isso é Brasil
ResponderExcluirQue tal na próxima eleição não votar em nenhum deputado destes aí,vamos eleger quem não tem mandato ainda. DÉ
ResponderExcluirAgora que o povo devia ir pras ruas quebrar o pau. É uma vergonha o povo brasileiro assistir a tudo isso calado. Esse PMDB juntamente com o PT tá acabando com o Brasil.
ResponderExcluir